O médico responsável pela cirurgia de implante de uma prótese de silicone realizada na secretária Daniele Gonçalves de Freitas, Marcos Ceschin, responde a uma denúncia ética no Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR). A secretária, de 25 anos, morreu no último sábado dentro da sala de cirurgia do Hospital Santa Madalena Sofia, em Curitiba.
Autora da denúncia, a teleatendente desempregada Ilma Luciane Dias Proença, 26 anos, se diz salva por um outro especialista após ter sido induzida por Ceschin a fazer uma cirurgia de desvio de intestino, conhecida como "by pass", que diminui a absorção do organismo e é utilizada em tratamento para obesidade. "Cheguei a ficar anoréxica, perdi meu emprego e estou passando por tratamento psiquiátrico", diz. Em exames que fez com outro médico, foi diagnosticada a ausência de parte do intestino da teleatendente. "Vou precisar fazer outra cirurgia e só consigo viver à base de remédios e vitaminas", afirma.
Ceschin nega ter recebido notificação da denúncia do CRM-PR. "Essa paciente ameaçou o suicídio se eu não a operasse. Ela tinha sobrepeso, fazia tratamento há dez anos com anfetaminas, estava viciada e não conseguia mais emagrecer. Ela está se aproveitando de uma situação", disse. Segundo Ceschin, ela foi operada por ter intestino preso e o procedimento cirúrgico poderia ser revertido caso Ilma emagrecesse muito.
A assessoria de imprensa do CRM-PR confirma a existência de uma denúncia na entidade contra o médico apresentada em outubro deste ano e que, diferentemente da reportagem publicada ontem pela Gazeta do Povo, Ceschin nunca respondeu a qualquer processo ético.
Ainda de acordo com a assessoria, um processo só é aberto após esclarecimento das partes. Isso quer dizer que a denúncia apresentada por Ilma contra Ceschin pode ou não vir a ser um processo ético contra o médico.
Em nota enviada à imprensa ontem, Ceschin esclareceu que a secretária morreu por "hipertermia maligna". De acordo com a nota, o caso foi uma fatalidade "de ocorrência raríssima, constituindo-se no temor de qualquer equipe cirúrgica, em qualquer serviço médico do mundo. Esta patologia, mesmo bem-tratada, costuma levar o paciente a óbito em poucos minutos, portanto, após a sua ocorrência, as chances de sobrevivência são mínimas". O médico afirma que sua equipe já realizou, somente no Hospital Santa Madalena Sofia, cerca de 15 mil cirugias em 25 anos, sem registro de óbito.
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