O médico Raphael Suss Marques, preso na última sexta-feira (25) suspeito da morte da namorada, a fisiculturista Renata Muggiati, agora passa por uma investigação dentro do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR). Ocorre que Marques teria feito propaganda e se apresentado como especialista em algumas áreas clínicas, mas não teria o registro delas no órgão regulador da medicina do estado.
Em nota, o CRM-PR diz que realiza um levantamento de informações baseadas no que foi divulgado sobre ele nos meios de comunicação a respeito das especialidades que ele estaria exercendo antes da prisão, sem, entretanto, ter registro necessário para isso, o que é contra a legislação vigente na medicina.
Advogado diz não ter sido informado pelo conselho
- Rodrigo Batista
O advogado Edson Vieira Abdala, que defende o médico Raphael Suss Marques, diz que, até esta terça-feira (29) não recebeu nenhum documento por parte do CRM-PR a respeito das suspeitas de que seu cliente poderia ter irregularidades na área médica. “Por isso, não podemos nos manifestar, mas acreditamos que ele não cometeu qualquer tipo de irregularidade”, afirma.
Sobre a suspeita da morte de Renata, Abdala sustenta que a fisiculturista teria mesmo cometido suicídio. “Ele é absolutamente inocente e as provas periciais deixarão isso claro”. O exame do Instituto Médico Legal (IML) feito em Renata após a morte apontou que ela sofreu uma fratura em um osso do pescoço. Esse fato e as lesões que ela teve no pulmão e no coração levaram o instituto a concluir que a jovem sofreu um processo de asfixia de um minuto e meio a cinco minutos.
De acordo com o advogado de Marques, a fisiculturista sofreu essas lesões devido à queda que teve do apartamento onde morava no centro de Curitiba.
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No site do médico consta que a clínica que leva o nome dele atuaria na área de endocrinologia, medicina esportiva e medicina e estética. Contudo, na busca pelo nome do profissional e pelo registro dele no CRM-PR, no campo “especialidades/área de atuação” consta a informação “Ssem especialidade registrada”. Para exercer essas especialidades, é necessário fazer residência médica.
Residência médica
Segundo o conselho, isso não quer dizer, por ora, que o médico não teria a habilitação necessária para exercer medicina nessas áreas que constam em seu site. Ele pode ter feito as residências médicas necessárias, mas não as registrou no conselho, o que, segundo o CRM-PR, também é ilegal. Conforme explica o CRM-PR, via assessoria de imprensa, um médico precisa fazer dois anos de residência médica em medicina esportiva e outros dois anos em endocrinologia para obter registro nas sociedades brasileiras de cada uma dessas áreas e, dessa forma, exercer as especialidades. Sobre “medicina e estética”, segundo o conselho essa habilitação não é reconhecida na área médica.
Mesmo com o levantamento de informações, de acordo com a nota do conselho, “ainda não há indicativo de violação ética para substanciar a imediata abertura de procedimento sindicante que, caso venha ocorrer, tramitará sob sigilo”. A sindicância é uma etapa para que seja aberto um processo ético-profissional, “que tem o seu rito singular ao da Justiça Comum, no que tange os princípios da ampla defesa e do contraditório”.
O CRM-PR ainda diz que não recebeu por parte da Polícia Civil quaisquer informações “associando a conduta ético-profissional de médico inscrito nesta autarquia às circunstâncias da morte de Renata Muggiati”. A jovem teria sofrido um processo de asfixia antes de cair da janela do apartamento. Dentro das investigações, a Polícia Civil apura informações sobre medicamentos que Renata possivelmente utilizava.
De acordo com as investigações feitas pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Marques é apontado como suspeito porque ele seria a única pessoa dentro do apartamento e que estava com Renata.
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