Entidades médicas convocaram manifestações em todo o Brasil para esta quarta-feira (3). A Associação Médica Brasileira (AMB) afirmou que o protesto ocorrerá por conta da decisão do governo federal de trazer médicos do exterior para que trabalhem no Sistema Único de Saúde (SUS).
Em Curitiba, o ato acontece na Boca Maldita, no Centro, a partir das 10h. Os manifestantes devem ir em passeata até a Praça Santos Andrade. Outras 10 cidades do interior do estado também terão atos públicos nessa data.
No interior, a mobilização acontece nas cidades de Campo Mourão, Francisco Beltrão, Londrina, Maringá, Paranavaí, Ponta Grossa, Rio Negro, Foz do Iguaçu, Cascavel e Pato Branco. A organização pede que os manifestantes usem roupas ou jalecos brancos.
Segundo nota divulgada pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), o objetivo é "chamar a atenção para os equívocos que envolvem as políticas públicas de saúde, em especial pelo subfinanciamento do SUS, as más condições de infraestrutura e trabalho, a ausência de um plano de carreira médica e a tentativa de trazer médicos formados no exterior sem passar por exame de proficiência técnica e de idioma". Outra mobilização de médicos com os mesmos propósitos, em 25 de maio, reuniu cerca de mil pessoas.
Atendimento
Em outros estados, segundo a associação Médica Brasileira (AMB), serão mantidos apenas os serviços de urgência e emergência nesta quarta-feira (3). Cirurgias e atendimentos eletivos, por exemplo, não seriam atendidos nesta data.
Polêmica
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) afirmou que para fixar médicos estrangeiros e brasileiros no interior do país e nas periferias vai pagar um salário de R$ 10 mil. A expectativa é que o polêmico programa de atração de médicos, citado pela presidente Dilma Rousseff como resposta "à voz da rua", seja lançado na próxima semana.
O governo trabalha com um número próximo a 10 mil médicos que podem ser atraídos pelo edital, a ser lançado nos próximos dias. O número exato de vagas a serem ofertadas ainda será fechado, a depender do interesse dos municípios.
Segundo os médicos, o problema de falta de profissionais da saúde em áreas remotas do país não ocorre porque não há médicos e, sim, por falta de investimentos do governo federal. Eles defendem a implementação de uma carreira federal médica.
"Existem cidades brasileiras com uma proporção médico/habitante maior do que em países europeus. E como estão as emergências públicas dessas cidades? Vamos focar no que é melhor para a população brasileira", diz Floriano Cardoso, presidente da AMB.