Médicos obstetras e especialistas em genética e medicina fetal afirmaram nesta quinta-feira (28) que bebês com anencefalia não têm chance de sobreviver. "(A anencefalia) é letal em 100% dos casos quando o diagnóstico é correto", afirmou o médico e deputado federal José Aristodemo Pinotti, durante audiência pública que acontece no Supremo Tribunal Federal (STF) para debater a liberação ou não da interrupção de gestação de fetos com anencefalia. Além das chances nulas de sobrevivência, os especialistas disseram que a manutenção das gestações coloca em risco a saúde e a vida das mães que estão gerando um feto com anencefalia.
Heverton Peterssen, da Sociedade Brasileira de Medicina Fetal, disse que a menina Marcela de Jesus, que foi diagnosticada como anencéfala e viveu um ano e oito meses, não era portadora da anencefalia. Segundo ele, Marcela tinha neroencefalia, uma anomalia na qual há resquícios do tecido cerebral. A história de sobrevivência de Marcela é um dos principais argumentos usados pela ala contrária à interrupção de gestação de anencéfalos para convencer o STF a não legalizar a prática em todo o País. "Houve um erro de diagnóstico no caso da Marcela. Não era um feto anencéfalo", afirmou Pinotti.
O presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica, Salmo Raskin, também rebateu a alegação de que a manutenção das gestações de fetos com anencefalia poderia se justificar porque poderiam ser doadores de órgãos. Segundo Raskin, esses bebês não podem ser doadores de órgãos porque são portadores de múltiplas alterações e os seus órgãos são menores que os das crianças saudáveis. "Do meu conhecimento, não há nenhum caso no Brasil em que se tenha usado órgão de anencéfalo", afirmou.
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