Londrina O atendimento médico-hospitalar na rede pública de Londrina (Norte do estado) está à beira de um colapso. É o que garantem os representantes da Associação Médica de Londrina (AML), Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná, Irmandade Santa Casa (Iscal), Hospital Evangélico e Hospital do Câncer de Londrina, que expuseram a situação em uma coletiva à imprensa ontem de manhã.
Os médicos afirmam ser necessário um aumento de 30% nos R$ 11 milhões repassados atualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, para sanear imediatamente as contas de todo o SUS em Londrina é preciso, segundo eles, uma suplementação de R$ 10 milhões. Em junho passado, a prefeitura encaminhou ao Ministério da Saúde um documento requerendo esses recursos, mas ainda não houve resposta.
A classe médica, representada pelo presidente da AML, Antônio Caetano de Paula, aponta dois problemas. Um deles é a já conhecida defasagem entre o custo real dos procedimentos e o que é repassado pelo SUS. Um tratamento de pneumonia em um adulto, por exemplo, custa R$ 2.072,77 para o hospital, mas apenas R$ 1.016,66 são repassados pelo SUS. O déficit é de 103,81%. Do valor repassado, R$ 48,35 correspondem aos honorários médicos. Há ainda os procedimentos que não contemplam os honorários médicos, como o tratamento clínico de trauma de tórax por arma de fogo, que tem mais de 300% de defasagem.
Outro problema é que, ainda que com valores insuficientes, determinados procedimentos não estão sendo pagos pelo SUS. São rejeitados, por exemplo, internamentos de um mesmo paciente no mesmo mês. As escalas à distância quando o médico fica de prontidão fora do hospital para atender caso seja necessário também não têm sido remuneradas.
José Luiz de Oliveira Camargo, presidente do Sindicato dos Médicos, afirma que, na prática, os médicos e hospitais recebem apenas 70% dos serviços que prestam. "Quem deixa de nos pagar é o gestor municipal, que diz que a verba é insuficiente. Essa situação já dura cinco ou seis anos. A nossa preocupação maior é com o paciente pois, trabalhando nesse sistema de prejuízo, podemos enfrentar situação semelhante aos estados do Nordeste, onde houve várias paralisações dos serviços", alertou. Camargo estimou um prazo de seis meses para que os serviços médico-hospitalares entrem em colapso e ocorram paralisações. Antônio de Paula, da AML, disse não acreditar que vá haver uma greve de médicos, mas que os profissionais podem começar a pedir demissão dos hospitais.