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Saúde

Médicos estrangeiros aprendem expressões regionais como "peito cheio"

Os médicos estrangeiros que estão em Pernambuco para participar do programa Mais Médicos começaram as aulas de português, nesta terça-feira (27), com o vocabulário básico, mesmo sem as apostilas do MEC (Ministério da Educação), que ainda não chegaram.

"Começamos com números, pronomes e a comunicação mesmo: "A senhora, como se chama?", "A cidade onde mora?"", afirmou a cubana Vilma Zamora Rodriguez, após as duas primeiras horas de aula de língua portuguesa. No fim da tarde, os médicos tiveram mais duas horas de aula.

Vilma, que trabalhou no Tocantins de 2001 a 2003, disse que o vocabulário específico começou a ser introduzido durante uma conversa sobre o sistema de saúde cubano.

A médica contou que quando veio ao Brasil pela primeira vez não sabia dizer nada em português. "Aprendi com vocês. Escutava muito a televisão, lia muito jornal e os livros de medicina", disse Vilma.

A cubana afirmou que aprendeu no Tocantins palavras como caxumba, que conhecia apenas como papeira - em espanhol, a doença se chama parotidites. "O Brasil tem muita diferença entre uma população e outra, entre um local e outro, mas isso não é problema."

O uruguaio Gabriel Pirez, casado com uma brasileira e havia um ano e meio frequentador da ponte aérea Recife-Assunção, cidade onde trabalhava quinze dias por mês, acredita que os regionalismos podem ser uma dificuldade, mas não apenas para os estrangeiros.

Citou como exemplo "espinhela caída". "Ainda não sei o que significa. Vocês sabem? [Resposta negativa dos jornalistas] Viu? Essa é uma dificuldade que vocês têm como brasileiros", disse, em tom de brincadeira. A expressão refere-se a uma forte dor no tórax.

"Tem diferenças, e cada região tem suas particularidades de idioma, mas isso vai se solucionar com a prática", afirmou o uruguaio.

Os professores também ensinaram conjugação verbal, palavras que em espanhol são feminino e em português, masculino, e termos completamente diferentes, como xícara, que em espanhol é taza. Os docentes não quiseram falar com os jornalistas.

Segundo o MEC, houve atraso da empresa responsável pela entrega da cartilha em Pernambuco, e o material deve chegar na quarta-feira. O ministério informou que as primeiras aulas não foram prejudicadas.

Em Salvador e Fortaleza, os alunos receberam a cartilha hoje.

O argentino Federico Valiente, 44, que frequenta o curso preparatório em Salvador, disse que a cartilha traz exemplos de "frases regionais" e "expressões populares". "Aprendemos que, em Minas Gerais, por exemplo, uma pessoa da roça que for dizer que tem um problema respiratório, dirá: "tenho peito cheio". É muito interessante, bem feita. Estamos aprendendo como se fala aqui", contou.

"Estamos aprendendo o português de todos os dias, que precisa dominar para falar com o paciente. Depois, vamos ter um português refinado. A terminologia técnica é muito similar", completou o argentino.

Em Salvador, a cubana Ivedt Lopes elogiou o curso. "Muito bom, muito interessante. Estamos conhecendo a realidade do Brasil, seu sistema SUS", afirmou.

Módulo de português

Organizado pelo Ministério da Educação, o módulo de língua portuguesa permeia todos os sete eixos do curso do Mais Médicos.

O material foi produzido por seis professores de universidades federais, especificamente para receber os profissionais do programa. Todos são especialistas em ensino de português para estrangeiros.

De acordo com o MEC, o curso tem o objetivo de "contribuir para que o médico se aproxime da língua em algumas situações cotidianas da prática médica". Ao todo, cinco filmes serão exibidos ao grupo.

Os estrangeiros também precisarão aprender a "se apresentar em português" e a identificar as letras e os seus sons.

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