Médicos de todo o país vão realizar uma manifestação conjunta na próxima quarta-feira para protestar contra a medida do governo federal de "importar" médicos estrangeiros para atender no SUS em regiões mais pobres e afastadas sem fazer a devida revalidação do diploma desses profissionais.
A decisão foi anunciada ontem em entrevista organizada pelas entidades médicas. A concentração do ato será na Associação Médica Brasileira (AMB), em São Paulo. De lá, os médicos seguirão em passeata até o escritório da Presidência da República, na Avenida Paulista, onde será feito um "panelaço". Os atendimentos de urgência e emergência serão mantidos.
"A Lei das Diretrizes e Bases da Educação (LDBE) prevê a revalidação do diploma estrangeiro e a lei dos conselhos de medicina obrigam o registro do diploma revalidado. Para mudar isso, terá de ser aprovada uma nova lei ou apresentado um decreto. As entidades vão à Suprema Corte se necessário para combater qualquer medida que venha a prejudicar os pacientes," afirmou Roberto DÁvila, presidente do Conselho Federal de Medicina.
Em São Paulo, na tarde de ontem, um grupo de cerca de 50 profissionais da saúde protestou na Rua da Consolação, contra a importação de médicos em um movimento que não foi coordenado pelas entidades médicas nem por estudantes de Medicina.
Desde o mês passado, o governo dá sinais de que vai contratar médicos estrangeiros. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, chegou a divulgar a vinda de 6 mil cubanos para atuar no interior do país. A medida ganhou força na sexta-feira, dia 21, quando a presidente Dilma Rousseff anunciou, em rede nacional, a contratação desses profissionais em uma resposta às manifestações que tomam as ruas de todo o país e incluem a saúde pública como uma das principais queixas.