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SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Médicos-residentes começam greve hoje

Em abril deste ano, cerca de 60 médicos-residentes do Hospital de Clínicas de Curitiba se reuniram para reclamar do valor da bolsa-auxílio | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Em abril deste ano, cerca de 60 médicos-residentes do Hospital de Clínicas de Curitiba se reuniram para reclamar do valor da bolsa-auxílio (Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo)

A classe dos médicos-residentes do Sistema Único de Saúde (SUS) começa uma greve hoje em todo o Brasil. Eles reivindicam um aumento de 38,7% na bolsa-auxílio, congelada há quatro anos no valor de R$ 1.916,45. São cerca de 22 mil profissionais no país, mas nem todos aderiram à manifestação. No Rio de Janeiro a adesão foi total, mas em estados como Paraná, São Paulo e Pernam­­buco ela ainda é parcial. Depois de uma assembleia, ontem à noite, a Associação dos Mé­­dicos-Residentes do Paraná (Amerepar) decidiu começar um indicativo de greve para que a paralisação aconteça a partir de sexta-feira no estado.

Entretanto, no Hospital Universitário (HU) de Londrina, os 154 médicos-residentes devem cruzar os braços por tempo indeterminado a partir de hoje. A diretora-clínica do HU, Denise Akemi Mashima, afirma que o hospital foi avisado da paralisação. "Hoje (ontem) soubemos da greve que deve acontecer a partir de sexta. Eles não podem parar amanhã (hoje) porque têm que avisar com 72 horas de antecedência", explica. De acordo com ela, ainda é preciso reorganizar a rotina do hospital, já que os residentes atuam com alunos e professores em todos os setores. Com a paralisação, os próprios alunos e professores continuarão fazendo o trabalho.

Segundo o presidente da Associação Nacional dos Médicos-Residentes, Nivio Moreira, apesar de em alguns lugares todos os profissionais aderirem à manifestação, ficou acordado que nos serviços de urgência e emergência eles devem manter um quadro de 30% dos residentes trabalhando. "O objetivo não é prejudicar a população e, por isso, vamos ter em cada hospital uma equipe trabalhando e outra na retaguarda para dar apoio em situações de emergência", diz. Nas outras áreas, como cirurgias agendadas, provavelmente haverá um atraso e, consequentemente, remarcação das datas.

Em Curitiba, os hospitais, até o fechamento desta edição, não haviam recebido um comunicado oficial sobre a greve, por isso ainda não elaboraram um plano para contornar uma possível paralisação em massa. Foram consultados os principais hospitais que atendem pelo SUS, como Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Evangélico, do Trabalhador e Cajuru. No São Vicente, apesar de atender pelo SUS, o serviço não deve ser prejudicado por não receber atendimentos de emergência.

O serviço também não deve ser atrapalhado nos postos municipais de saúde, já que são apenas 22 médicos-residentes dentro de um quadro formado por 700 médicos concursados. Ontem à noite, na capital paranaense, uma reunião com 30 médicos-residentes de vários hospitais discutiu a adesão à greve. "Iniciamos um indicativo de greve até sexta-feira. Até lá vamos mobilizar os médicos-residentes. A formalização da greve acontece na quarta-feira (amanhã) e a greve começa na sexta", afirma a presidente da Amerepar, Maria Cecília Beltrame Carneiro. No Paraná, há cerca de 500 médicos-residentes.

Reivindicação

Se os ministérios da Educação e da Saúde aceitarem o pedido dos residentes, a nova bolsa-auxílio será de R$ 2,7 mil e terá reajustes anuais com data-base em 1.º de setembro. "Começa­­mos a greve sem tempo para terminar porque especialistas do SUS não vão aceitar este auxílio que é baixo, o que faz com que não possamos investir em livros e especializações. Se não ganharmos um aumento, daqui a pouco teremos cardiologistas que não saberão atender de maneira adequada", afirma Moreira. Além do aumento na bolsa, eles pedem ampliação da licença maternidade e paternidade e que haja instrutores para acompanhar os residentes.

A última greve aconteceu em 2006, com adesão parcial. O governo, depois disso, chegou a ofertar um aumento de 30% – o ajuste não foi cumprido. Ontem, os ministérios da Saúde e Educação propuseram à classe um acréscimo de 20% a ser pago a partir do ano que vem. "Temos uma posição melhor agora, mas a greve vai começar mesmo assim. Vamos avaliar se o novo reajuste será aceito, colocaremos em votação e voltamos a conversar com o governo. Agora, se os residentes não quiserem o aumento, continuam em greve por tempo indeterminado", diz Moreira. Em abril deste ano, cerca de 60 médicos-residentes do Hospital de Clínicas de Curitiba se reuniram na Boca Maldita para reclamar do valor da bolsa-auxílio – na época pediram ainda auxílio moradia e alimentação.

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