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Funcionalismo

Médicos terão de bater ponto em prefeitura

Enio Kissmann: máquinas ficarão obsoletas no próximo ano, com nova lei | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Enio Kissmann: máquinas ficarão obsoletas no próximo ano, com nova lei (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

Ponta Grossa - A pressão popular garantiu que os médicos de Ponta Grossa batam ponto nos postos de saúde da prefeitura, assim como acontece com os outros funcionários públicos. Um projeto de lei levado à Câmara Municipal tentava isentar os profissionais de medicina da regra, mas a proposta foi rejeitada.

O problema surgiu depois que a prefeitura implantou um sistema de ponto biométrico. O modelo passou a funcionar no dia 1.º deste mês, e a Secretaria Municipal da Saúde foi a primeira a instalar os equipamentos. O custo de instalação dos pontos eletrônicos, que registram a entrada e a saída do funcionário por meio de toque do dedo indicador em um sensor, ficou em R$ 60 mil para os postos de saúde e hospitais da cidade.

Os médicos, porém, não gostaram da novidade. Eles dizem que não têm como cumprir horário como outros funcionários, já que algumas vezes precisam deixar o posto para atender a emergências.

Por isso alguns vereadores representantes da classe sugeriram um projeto de lei na Câmara Municipal isentando-os da obrigação. No entanto, a população compareceu ao plenário da Câmara e barrou a aprovação. O projeto foi arquivado.

Os médicos contratados pela prefeitura de Ponta Grossa têm contratos cuja carga horária varia entre 3 e 8 horas diárias. Com o aparelho, será possível identificar com maior fidelidade o cumprimento da carga horária exigida em contrato sob o risco de ter o dia de trabalho descontado. A implantação dos pontos biométricos obedece à lei municipal, em vigor desde agosto, que estabelece "assiduidade e pontualidade".

Para o vereador Pascoal Adura (PMDB), que também é médico, o controle é absurdo. "A saúde está precária e a prefeitura vai gastar dinheiro com ponto biométrico. Temos coisas mais importantes para ver", disse.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar), Mário Ferrari, o controle deve existir, porém ser flexível à profissão médica. "Além disso, o médico não pode ser considerado um operário, como no filme Tempos Moder­nos, do Charles Chaplin, que aperta para­­fusos e quando toca o apito deixa o serviço. Só falta querer colocar macacão e capacete no médico", compara Ferrari.

De acordo com Enio Kissmann, médico contratado pela prefeitura, o controle não melhora a qualidade da saúde pública. Além disso, lembra, as máquinas compradas pela prefeitura serão obsoletas daqui a um ano, quando a portaria 1.510 do Ministério do Trabalho e Emprego passará a exigir a impressão do registro no ponto biométrico. "Hoje, as máquinas estão sem impressora, e se houver algum dado incorreto, como é que eu posso conferir?", questiona. O secretário municipal de Saúde, Winston Bastos, ameniza a polêmica. "Está sendo muito tranquila a implantação do ponto. No Pronto-Socorro, que é onde tem mais médicos, quase todos já fizeram o cadastro para começar a registrar a presença pelo ponto", afirma.

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Os médicos devem bater cartão como os demais funcionários públicos?

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