Mobilização
Depois de São Paulo e Rio, projeto Horas da Vida virá para Curitiba
Uma iniciativa semelhante à de Londrina, com médicos voluntários, está ganhando cada vez mais adeptos nas grandes cidades. O projeto "Horas da Vida", que teve início em São Paulo há nove meses e foi estendido ao Rio, deve ganhar ainda neste ano adesão em Salvador e Porto Alegre. Em Curitiba, o atendimento deve ocorrer a partir do segundo semestre de 2014. Através de uma plataforma chamada Consulta Click, profissionais fazem adesão ao programa e definem quantas horas pretendem doar para atender pacientes de baixa renda. As consultas acontecem no próprio consultório do especialista e o público é encaminhado por meio de uma parceria com instituições sociais, como a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de São Paulo, AfroReggae e Saúde Criança. O fundador da iniciativa, o médico João Paulo Nogueira Ribeiro, explica que o modelo é inédito. "Organizamos o que muitos profissionais fazem informalmente e já temos parceiros importantes", comenta ele. Já são 22 especialidades atendidas. Em geral, cada médico participante doa uma hora de atendimento por semana.
Serviço
Médicos interessados em se cadastrar junto ao Horas da Vida devem acessar o endereço eletrônico www.consultaclick.com.br/horasdavida.
Alternativas
Profissionais com maior disponibilidade de tempo para atender pacientes carentes têm à disposição outros programas de voluntariado. Confira abaixo algumas das opções:
Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS)
O grupo presta assistência rápida e efetiva a comunidades brasileiras e externas ao país atingidas por catástrofes, epidemias ou crises assistenciais. Este ano, por exemplo, uma equipe com 120 profissionais foi enviada para Santa Maria (RS) para fornecer apoio psicológico e psiquiátrico a familiares e amigos das vítimas do incêndio na boate Kiss.
Site: www.saude.gov.br.
Voluntários do Sertão
Organização que atua desde 2002 no interior da Bahia. Os participantes realizam atendimento médico, odontológico, pequenas cirurgias, palestras e distribuem kits de saúde e higiene à população local. As ações são anuais e consistem numa maratona de atividades
Site: www.voluntariosdosertao.org
Expedicionários da Saúde
Busca levar medicina especializada a regiões isoladas da Amazônia Brasileira. . Os voluntários, com apoio de instituições parceiras, montam um centro cirúrgico na floresta, a fim de assistir populações indígenas. Os equipamentos para atender as especialidades de oftalmologia, ginecologia e odontologia partem de Campinas, interior paulista.
Eles seguem na contramão do noticiário. Em meio à falta de médicos em cidades do interior, o desinteresse por salários oferecidos na rede pública e a vinda de estrangeiros para suprir a demanda local, profissionais de Londrina, no Norte do estado, fazem trabalho de "formiguinha" para contribuir por uma saúde melhor. Eles doam parte de seu tempo para atender pacientes que não podem pagar por uma consulta médica ou um plano de saúde.
Quem é adepto da iniciativa diz que cada minuto de voluntariado vale a pena. "Recebemos tanta coisa boa em troca, não custa ajudar", diz a gastroenterologista Rossana Amin Graciano Resende. Ela colabora há mais de dez anos com o Centro de Atendimento Social Ágape (Casa), entidade ligada à Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Vila Brasil, que articula as consultas solidárias na cidade. O atendimento é feito no consultório da própria médica.
No caso de Rossana, a profissional procura abrir agenda aos pacientes carentes sempre que é solicitada. "É muito gratificante. A pessoa que está sendo atendida sabe que tem alguém lhe ajudando, não está abandonada. Podemos ver a gratidão delas", define a médica.
Além da especialidade de Rossana, há médicos voluntários na área de neurologia pediátrica, ginecologia, clínica geral e dermatologia. "Os profissionais doam consultas de acordo com sua disponibilidade. Alguns têm uma cota por mês, como uma consulta por semana, outros atendem sem restrição", relata a assistente social do Casa, Carla Mastelini.
Segundo ela, as horas doadas por cada especialista não costumam ultrapassar quatro horas semanais, mas ajudam muito no atendimento de pessoas carentes. "Os pacientes acabam passando pela consulta antes do que se ficassem na fila do Sistema Único de Saúde (SUS). São pessoas de toda a cidade, não só ligadas à paróquia", comenta.
Reconhecimento
Neste ano, o serviço oferecido completou 11 anos. Além dos médicos, outros profissionais, como fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos, atuam na entidade. Desenvolvido com apoio de instituições de ensino superior, o trabalho, enfatiza Carla, é reconhecido pela rede pública de serviços, que também faz encaminhamentos para a entidade. "O pessoal dos postos nos envia pacientes, dos dez Centros de Referência de Assistência Social da cidade, de casas de abrigo. Temos conseguido encaixar bem nossa demanda."
Para o atendimento, é feita uma triagem para descobrir se o paciente se encaixa nos critérios do programa. Em todas as situações, é necessário ser de baixa renda e ter um encaminhamento médico para a especialidade requerida.
"Não buscamos reconhecimento", diz ginecologista
Voluntário no Centro de Atendimento Social Ágape (CASA), de Londrina, há três anos, o ginecologista Gustavo Eduardo Vitorino classifica as consultas doadas como um momento ímpar no exercício da profissão. "É claro que não temos como atender 24 horas por dia sem remuneração, mas isso acaba sendo a medicina pura mesmo", diz.
O especialista começou a abrir atendimentos em sua agenda médica depois de conhecer o projeto junto à paróquia que frequenta. Inicialmente, ele assistia gratuitamente uma ou duas pacientes por semana. Agora, oferece as consultas sem restrição, de acordo com a necessidade do centro social.
O objetivo, define ele, não é reconhecimento pelo apoio, mas prestar um pouco de auxílio ao próximo. "Vendo as dificuldades que existem na saúde pública, podemos ajudar neste aspecto quem realmente necessita", reforça Vitorino. A direção da CASA reforça que, apesar do bom andamento da iniciativa em Londrina, novos médicos são bem-vindos, independente da especialidade.
Serviço:
Médicos que queiram trabalhar em conjunto com o Centro de Atendimento Social Ágape (CASA) podem entrar em contato pelo telefone (43) 3342-9008 ou pelo e-mail projeto.casa@yahoo.com.br.
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