Brasília Investigado pela Operação Furacão sob a acusação de envolvimento com venda de decisões judiciais favoráveis a empresários do ramo de jogos de azar, o ministro licenciado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Medina agora é suspeito de beneficiar Fadh Jamil, condenado a 20 anos e 3 meses em regime integralmente fechado por tráfico de drogas.
A reclamação contra Medina foi encaminhada no fim de maio ao STJ pelo juiz federal Odilon de Oliveira, da 3.ª Vara Federal Criminal em Campo Grande, no Estado do Mato Grosso do Sul. Esse encaminhamento ao STJ foi confirmado ontem por assessores de Odilon de Oliveira, que não quis comentar o caso.
A decisão de Medina garantiu a Jamil o direito de ficar em liberdade enquanto recorre da condenação. Advogado de Medina, Antônio Carlos de Almeida Castro, afirmou que a sentença de seu cliente foi baseada na jurisprudência do STJ. Ele explicou que a decisão que decreta uma prisão tem de ser devidamente fundamentada.
Em sua decisão, Medina ressaltou que Jamil era réu primário, tinha bons antecedentes e que o próprio juiz que o condenou reconhecia isso. No entanto, o juiz contesta esse dado.
Ao condenar Jamil, o juiz concluiu que havia a necessidade de prendê-lo pelo "alto grau de nocividade" do réu. O magistrado ressaltou que os réus residem na fronteira do Brasil com o Paraguai. "Não há dúvidas de que, pelo somatório das penas, os réus tão logo tenham conhecimento de suas condenações, fugirão para o outro lado, de onde poderão, com facilidade, administrar seus bens e interesses", acrescentou.
Depoimentos
Três investigados na Operação Furacão negaram em depoimento ontem à Justiça Federal no Rio as acusações de que pertencem à suposta máfia que negociava decisões judiciais para beneficiar donos de casas de bingos. Os contraventores Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães; Aniz Abrahão David, o Anísio; e Antonio Petrus Kalil, o Turcão, disseram à juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6.ª Vara Federal Criminal do Rio, que "não é verdadeira" a acusação feita pelo Ministério Público Federal.
Questionado pela juíza se conhecia as pessoas supostamente envolvidas com o esquema, Kalil disse que não se lembrava porque estava "muito confuso". O contraventor se justificou e disse que já havia levado dois tombos "muito sérios" no hospital penitenciário.
Em seu depoimento, Aniz disse ainda que "às vezes" viajava ao exterior e que umas "três ou quatro vezes" foi para Punta del Este (Uruguai) na companhia de Guimarães e Kalil.
Guimarães foi o único que, após negar a acusação, preferiu permanecer calado. Ele explicou apenas que fará sua defesa posteriormente, através de seu advogado.
A primeira etapa da Operação Furacão, deflagrada em 13 de abril, prendeu 25 pessoas, entre magistrados, bicheiros, policiais, empresários, advogados e organizadores do Carnaval do Rio.
A Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Hurricane no último dia 19. Desta vez, o foco eram policiais acusados de receberem propina para facilitar a ação da máfia dos bingos e dos caça-níqueis.
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