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Violência

Medo acompanha taxistas

Osmar Meira: manter a calma é fundamental | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Osmar Meira: manter a calma é fundamental (Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo)

A morte de um taxista no último sábado reacendeu o clima de insegurança entre os profissionais da categoria, na cidade de Curitiba. Nelson Roberto da Silva, de 61 anos, havia pegado dois passageiros no ponto do Mercado Municipal, onde trabalhava, e foi encontrado morto dentro do carro algumas horas depois, em São José dos Pinhais. Segundo taxistas ouvidos pela reportagem da Gazeta do Povo, o medo de assaltos aumenta durante a noite, quando os bandidos se sentem mais livres para agir devido à pequena quantidade de pessoas nas ruas. "Só na semana passada, contamos 15 assaltos", afirma Edson Cristo, taxista há oito anos.

Curitiba tem atualmente uma frota de 2.252 táxis. A estimativa é que ao menos um deles seja assaltado todos os dias na capital. Eduardo Gomes, taxista há 14 anos, conta que dificilmente pega passageiros na rua, durante a noite. Segundo ele, a maioria das corridas feitas nesse horário vem das chamadas recebidas pelo rádio. "Mas, se precisar atender um passageiro de noite, faço antes uma entrevista pra ver pra onde ele vai. Sempre com as portas travadas e o vidro aberto só com uma frestinha", revela. Gomes afirma também que chegou a andar armado alguns anos atrás. Hoje, com as leis mais rígidas quanto ao porte de armas, ele se diz obrigado a conviver diariamente com o medo.

Edson Cristo é outro taxista que evita trabalhar depois das 20 horas. Normalmente, ele pensa duas vezes antes de atender um passageiro e, em alguns casos, se recusa a fazer a corrida. "Não temos segurança. Em caso de assalto, é melhor dar tudo. O dinheiro passa, mas a vida não volta mais", desabafa.

No ponto de táxi do Mercado Municipal, os colegas do taxista morto no sábado decidiram instalar câmeras de segurança para inibir a ação de assaltantes. Na opinião de Roberto Pedroso, há 31 anos na profissão, a instalação do equipamento se justifica porque ninguém traz a palavra bandido escrita na testa. "Também seria importante que a polícia abordasse táxis nos bairros mais afastados da cidade", diz.

Em março deste ano, a PM chegou a promover ações, abordando aleatoriamente taxistas e passageiros na grande Curitiba. No entanto, nenhum dos taxistas ouvidos pela reportagem disse ter passado por qualquer tipo de abordagem. Procurada pela Gazeta, a PM não deu retorno aos telefonemas até o fechamento desta edição.

Reações violentas

Também em março, alguns taxistas decidiram agir por conta própria no combate ao crime e mataram dois assaltantes em Curitiba. Em um dos casos, um bandido foi linchado no Sítio Cercado (Zona Sul). Depois de pegar dois rapazes que se passaram por passageiros, o motorista Rildo Thomas avisou colegas de trabalho da suspeita de que seria assaltado. Sob a mira de um revólver, ele foi obrigado a entregar a carteira e o relógio aos assaltantes, mas, no momento em que eles tentavam fugir, um grupo de taxistas chegou ao local. Um dos bandidos, Eduardo Cordeiro de Lima, de 19 anos, não conseguir escapar e acabou espancado até a morte.

Já o taxista Rafael Cristiano da Silva enfrentou sozinho dois homens armados. A dupla, que havia embarcado no terminal do Boa Vista, pediu uma corrida até Colombo. Depois de receber voz de assalto, Silva reagiu e desarmou um dos bandidos. Com a arma em mãos, ele atirou contra Marcos da Silva Santos, de 25 anos, que morreu na hora.

O taxista Osmar Meira, porém, aconselha os colegas de trabalho a não reagirem. Desde 1989 na profissão, ele já foi assaltado duas vezes e diz que o melhor a fazer é seguir as orientações dos bandidos. "O importante é procurar manter a calma. E, claro, sempre estar atento aos passageiros que você pega, fazer uma espécie de triagem antes de cada corrida", afirma.

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