A notícia de que sete trabalhadores dos hotéis da Costa do Sauípe contraíram meningite do tipo C, a mais grave, e de que três deles, dois homens de 19 e 23 anos e uma mulher de 54, morreram por causa da doença assustou tanto os funcionários do complexo hoteleiro quanto os habitantes dos distritos próximos, onde residem praticamente todos os trabalhadores do destino turístico.
Desde ontem, alguns funcionários de Sauípe, em especial dos dois hotéis nos quais trabalhavam as vítimas, não aparecem no complexo, ainda com receio de contaminação. "Tenho medo de ir lá e voltar com alguma doença que minha família pegue, mesmo que eu não fique doente", afirma um homem de 31 anos, morador de Porto Sauípe, distrito de Entre Rios, a cerca de 10 quilômetros do complexo, que trabalha em um dos hotéis e prefere não se identificar. "Combinei com outros quatro colegas de só voltar quando ninguém mais ficar doente."
Uma colega e vizinha dele, de 28 anos, diz que não só não foi trabalhar hoje, como não permitiu que a filha, de 7 anos, fosse à escola. "Tem muita gente daqui que trabalha nos hotéis e já pode estar doente sem saber", acredita. "Minha filha só volta a estudar quando eu ficar tranquila."
Ainda no domingo, um grupo de cerca de 30 funcionários dos hotéis desistiu da tarde de trabalho para prestar uma homenagem ao lavador de pratos Renan Silva. Seu enterro, realizado em Porto Sauípe, distrito de Entre Rios, no litoral norte baiano, a dez quilômetros da Costa do Sauípe, ocorreu no dia em que completaria 20 anos.
Segundo a assessoria do complexo, que reúne cinco hotéis e cinco pousadas, além de centros esportivos e de uma galeria de lojas e restaurantes, a empresa informa que não recebeu notificações de faltas relacionadas aos casos da doença e que os trabalhos não sofreram prejuízos.
Profilaxia
Entre os quatro infectados ainda internados no Hospital Couto Maia, em Salvador, todos homens, de idades entre 22 e 25 anos, um corre risco de morrer por causa da doença, segundo a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), e deve ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os outros seguem em observação, com estado de saúde considerado estável.
Segundo tanto a assessoria de imprensa da Costa do Sauípe quanto a Sesab, não foram registrados mais casos da doença entre os trabalhadores do complexo nas últimas 48 horas.
Para o coordenador de Vigilância Epidemiológica da Sesab, Juarez Dias, é pouco provável que haja novos casos entre funcionários ou hóspedes do hotel. "Todos os 1.350 funcionários do complexo que tiveram algum tipo de contato com os doentes foram medicados com a profilaxia e os hóspedes não correm riscos, porque não mantiveram contato com os infectados, que trabalhavam na cozinha e na arrumação dos quartos", acredita.
Pelo mesmo motivo, Dias avalia que não havia necessidade de interrupção do carnaval fora-de-época Sauípe Folia, que foi realizado no resort entre quarta-feira, 7, e sábado, 10. A direção do Hospital Couto Maia, porém, alerta para que pessoas que tenham estado no complexo nos últimos dias fiquem atentos ao aparecimento de sintomas como febre, dor de cabeça e rigidez na nuca e procurem atendimento médico caso apresentem esses sintomas.
Segundo a Sesab, uma campanha de vacinação, ainda sem data para início, será realizada com todos os funcionários que nunca tenham recebido ou que tenham deixado expirar o prazo de validade da vacina contra meningite tipo C.
Ainda de acordo com a secretaria, as meningites atingiram, entre o início de janeiro e o fim de julho deste ano, 550 pessoas no Estado, levando 57 delas à morte. No mesmo período do ano passado, 1.006 pessoas haviam sido infectadas, das quais 87 morreram.
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