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Medo de perder a carteira deve frear ultrapassagens perigosas

Além de Judiciário mais rigoroso, a nova integrante da política paranaense reforça que é preciso fiscalizar mais | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Além de Judiciário mais rigoroso, a nova integrante da política paranaense reforça que é preciso fiscalizar mais (Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo)

Mesmo com multas mais pesadas para racha e ultrapassagens forçadas, que podem chegar a R$ 1.915, a partir de hoje, especialistas em educação para o trânsito acreditam que a possibilidade de perder o direito de dirigir é que pode fazer os motoristas repensarem a decisão de infringir regras. É o que pensa, por exemplo, Rodrigo Kozakiewicz, supervisor da coordenadoria de infrações do Detran. Ao acompanhar os cursos de reciclagem, ele percebeu que perder a carteira é o que mais assusta os motoristas.

Por exemplo, passou a resultar em suspensão imediata do direito de dirigir no caso em que a pessoa força passagem entre veículos em sentido contrário – que é quando o motorista está em um ponto autorizado para a ultrapassagem, inicia a manobra e percebe que o veículo na pista contrária está muito perto e aí acelera, ao invés de interromper a ação. "Mais do que pesar no bolso, o risco de ficar sem dirigir pode levar pessoas a pararem de cometer infrações", afirma. Contudo, ele lembra que muitos motoristas só respeitam a lei quando sabem que estão sendo fiscalizados – assim, garantir que as novas regras "não passem em branco" teria um poder simbólico.

Com a divulgação das mudanças nas regras, Kozakiewicz espera que as pessoas tenham mais cuidado. "Nos cursos de reciclagem, notamos que o motorista não tinha real noção das consequências de seus atos. Não é que não sabia que estavam fazendo algo errado. Na verdade, a grande maioria da população é de pessoas de bem, mas que cometem erros", resume.

Noedy Bertazi, chefe da divisão de programas educativos do Detran, lembra que mesmo mais rigorosas a partir de agora, as punições ainda são pouco severas diante da gravidade das infrações – principalmente em casos que resultam em acidentes. Ela identifica como perfil do motorista infrator, nos casos de rachas e ultrapassagens forçadas, principalmente homens jovens, em idade de exibicionismo, de autoconfiança e que creem na impunidade. "Por isso, enfatizo a importância da educação, para mudar comportamentos", afirma. Ela conta que uma estratégia usada em cursos de reciclagem é fazer o motorista tentar se colocar no lugar da vítima.

Para Cristiane Yared, deputada federal recém-eleita, multa maior " é pouco"

Para Christiane Yared, eleita como a deputada federal mais votada do Paraná, as multas mais pesadas para rachas e ultrapassagens forçadas representam uma vitória parcial. "Vejo com bons olhos a mudança", diz, mas emenda que acredita que as punições deveriam ser mais rigorosas. "Ainda é pouco", resume.

Yared cita que em outros países o motorista pode perder o carro em caso de infrações graves. Ela defende que a punição é uma forma de educação. "Mas mudanças de comportamento não ocorrem com a multa. Elas vêm de dentro para fora e precisa de conhecimento." Contudo, além de campanhas educativas que visem a formação de motoristas melhores e mais conscientes, a deputada recém-eleita que certeza da impunidade acaba motivando ações irresponsáveis no trânsito. "Não adianta colocar multa pesada se não houver punição", diz.

Planos

Dirigir bêbado, na opinião de Yared, deveria render multa de R$ 10 mil. "Se a multa for significativa ela é sim capaz de pensar mais vezes antes fazer, mas precisa ter a certeza da punição", pondera. Além de Judiciário mais rigoroso, a nova integrante da política paranaense reforça que é preciso aumentar o efetivo de fiscalização e dar mais estrutura aos policiais.

Ao ganhar notoriedade por lutar por punição para a morte do filho Gilmar, que foi atingido pelo ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho em alta velocidade, em maior de 2009, Yared reforça que ganhou uma missão de ajudar outras famílias. Entre os projetos em que ela já está trabalhando está uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que permita a produção de prova contra si em casos de crimes de trânsito. "As leis que temos não são ruins. Elas precisam de aperfeiçoamento. Fechar as brechas, como as que permitem tantos recursos judiciais."

Atuação

Nem todas as propostas que irá apresentar na Câmara Federal estão decididas. "Eu não sou advogada. Preciso de uma equipe", diz, reforçando que está procurando ajuda de especialistas e também recebendo ideias de voluntários. Yared faz questão de frisar que não irá trabalhar em Brasília apenas nas questões de trânsito, mas pretende se dedicar fortemente à causa.

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