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Reciclagem

Acredite, o lixo eletrônico ainda tem utilidade

Centro de reciclagem do Lixo que não é Lixo, em Campo Magro | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Centro de reciclagem do Lixo que não é Lixo, em Campo Magro (Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo)

Sabe aquela parafernália eletrônica que você tem em casa, ocupando espaço? Um computador que não funciona mais, uma televisão quebrada, um liquidificador queimado? Pois eles podem ajudar alguém, virar um novo produto e até mesmo render um dinheirinho (no diminutivo mesmo). E, de quebra, ter uma destinação correta.

Para quem não quer ter trabalho algum, basta deixar na lixeira nos dias de coleta do Lixo que não é Lixo. De 300 a 500 peças são recolhidas assim todos os meses em Curitiba. Outra opção é entregar o material para uma associação de reciclagem. A prefeitura da capital tem convênio com o Instituto Brasileiro de Ecotecnologia (Biet), que vai até o local buscar os aparelhos. Em três anos de atuação na cidade, o Biet já recolheu aproximadamente 120 toneladas de lixo eletrônico.

Depois que o produto deixa de ser usado é melhor que ele fique armazenado em casa. "O problema é quando os elementos tóxicos que estão inertes dentro dos equipamentos começam a se decompor e liberam substâncias prejudiciais à saúde e ao meio ambiente", conta Maurício Fratelli, coordenador do Biet. Por esse motivo, deixar os aparelhos ao relento não é recomendado.

Há também empresas que lucram com os produtos eletrônicos que deixam de ser usados. Cândido José Surmas, gerente comercial da Reciclatech, comenta que é possível agregar valor e gerar emprego a partir do lixo tecnológico. A empresa compra os aparelhos como sucata e assegura que dá destinação correta aos produtos. "Separamos plásticos, vidros, metais e revendemos para empresas que reutilizam esses materiais", diz.

As empresas que buscam os aparelhos devem entregar ao proprietário um certificado, garantindo que estão autorizados a fazer a separação do material e que dão a destinação correta aos produtos. Também existem empresas que compram equipamentos eletrônicos antigos para usar as peças de reposição. Uma dica dada pelo professor Luiz Pelisson, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, para diminuir a geração de lixo eletrônico, é substituir apenas o miolo do gabinete do computador. Assim, a ferragem pode ser aproveitada.

Plano diz que indústria deve fazer a coleta

Assim como já acontece com alguns tipos de produtos, como pneus, a indústria de equipamentos eletrônicos também será responsável por dar a destinação correta aos aparelhos após o período de uso. A lei do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, em vigor desde 2010, prevê a logística reversa: os fabricantes devem fazer a coleta e o reaproveitamento dos materiais. Os prazos para as empresas se estruturarem estão sendo negociados, mas a previsão atual é de que a obrigação esteja valendo por completo em 2014.

Alguns setores já começaram o processo de logística reversa. Muitas revendedoras de celulares recebem aparelhos velhos e baterias. O comprador também tem papel fundamental. Além de avaliar qualidade e preço na hora da compra, o consumidor também pode incluir entre os critérios de seleção os produtos que já saem da loja com a garantia de recolhimento depois do uso.

Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgados em 2010, indicam que o Brasil é o país que mais gera lixo eletrônico, por habitante, entre as nações emergentes. O levantamento é contestado pelo Ministério do Meio Ambiente. Ainda não existem números precisos sobre a produção de lixo eletrônico no país. Um grupo governamental está realizando um estudo sobre o tema. Assim que for concluído, deve orientar políticas públicas e também ações empresariais para a destinação do lixo tecnológico.

500 milhões de aparelhos obsoletos ou estragados estão na casa dos brasileiros, segundo estimativa do Ministério do Meio Ambiente.

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