Projeções
Os cenários de mudanças climáticas apontam para uma alteração de temperatura média acima de 2°C, causando desequilíbrios em ecossistemas fundamentais para a sobrevivência da humanidade. Saiba os efeitos que isso causará no Brasil:
Nordeste
A população do Nordeste brasileiro se apresenta como a mais vulnerável às mudanças climáticas, devido aos baixos índices de desenvolvimento social e econômico. Grupos populacionais com piores condições de renda, educação e moradia sofreriam os maiores impactos.
Desertificação
O Semiárido nordestino pode, num clima mais quente no futuro, transformar-se em região árida. Isso pode afetar a agricultura de subsistência regional, a disponibilidade de água e a saúde da população, obrigando as mesmas a migrarem para outras regiões.
Migração
A dinâmica climática deverá causar uma migração das culturas adaptadas ao clima tropical para as áreas mais ao Sul do país ou para zonas de altitudes maiores, para compensar a diferença climática. Um aumento próximo a 3°C causará uma possível expansão das culturas de café e da cana-de-açúcar para áreas de maiores latitudes.
Floresta Amazônica
Na Amazônia, não foram verificadas tendências significativas nas chuvas ou vazões nas últimas décadas, ainda que o desmatamento tenha aumentado gradativamente nos últimos vinte anos.
Vazões de rios
No Sul do Brasil e norte da Argentina foram observadas tendências para aumento das chuvas e vazões de rios desde meados do século 20. O Rio Paraná apresentou um aumento sistemático nas vazões desde os anos 70 até hoje.
Alimentos
O aquecimento global poderá colocar em risco a produção de alimentos no Brasil. As mudanças climáticas terão efeito diferenciado na oferta de alimentos nas regiões do Brasil, podendo o país perder cerca de 11 milhões de hectares de terras adequadas à agricultura por causa das alterações climáticas até 2030.
Consequências
Aquecimento global já impacta a produção mundial de alimentos
O fornecimento de alimentos para o mundo já está sendo impactado pelas mudanças climáticas, de acordo com informações preliminares do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). O relatório deve ser divulgado em março do ano que vem, mas o jornal The New York Times teve acesso ao documento. As estimativas indicam que nas próximas décadas os custos de produção de alimentos aumentarão. O jornal aponta ainda que o aquecimento global deve diminuir a produção agrícola em 2% por década até 2100. Já a demanda por alimentos deve aumentar 14% a cada dez anos, com o crescimento da população mundial. O relatório indica ainda que os países tropicais estarão sujeitos a mais riscos.
Plano ABC
Desde 2010, o governo federal tem um programa de incentivo à chamada agricultura de baixo carbono. O plano ABC é parte dos compromissos que o Brasil assumiu em acordos internacionais para contribuir na redução de emissões de gases. A previsão é de que, até 2020, R$ 197 bilhões sejam disponibilizados para financiar ações, como recuperação de pastagens e tratamento de dejetos animais.
Agressora e ao mesmo tempo vítima: a agricultura é uma das atividades que mais causam impacto ao meio ambiente e também é o setor da economia que deve ser mais afetado pela perspectiva de alterações no clima. O levantamento feito pelos pesquisadores que compõem o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) indica que em função de chuvas e secas mais intensas, e oscilações de temperatura o prejuízo do agronegócio pode alcançar R$ 7,4 bilhões em 2020 e R$ 14 bilhões em 2070. Nos próximos 17 anos, as projeções apontam que as safras de soja podem registrar perdas na ordem de 24%.
A expansão da agricultura muitas vezes é responsável por desmatamentos principal fator no Brasil para emissões de carbono. A secretária executiva do PBMC, Andreia Santos, argumenta que, aplicando tecnologias e pesquisa, é possível alcançar produtividade usando apenas as áreas já disponíveis para a agricultura. Assim, o setor agrícola brasileiro, que seria um dos mais eficientes do mundo, contribuiria para diminuir a emissão dos gases de efeito estufa e se preveniria de impactos no clima que afetariam a produção. "Quando a gente fala em perdas de R$ 7 bilhões, a discussão se volta para o custo da inação, de não fazer nada agora, que é muito maior do que seria necessário para a adaptação", comenta.
Leva tempo
Uma recente pesquisa realizada pela Embrapa revelou que são necessários dez anos de pesquisa, ao custo de aproximadamente R$ 12 milhões, para desenvolver, testar e produzir uma variedade tolerante a alterações na temperatura e no suprimento de água.
As projeções indicam aumento de 3°C a 6°C na temperatura média das regiões brasileiras até 2100. Essa variação interfere no regime de chuvas e de vazão dos rios, por exemplo, além de atingir culturas que são mais suscetíveis a variações climáticas. As áreas cultivadas com milho, arroz, feijão, algodão e girassol deverão sofrer forte redução na Região Nordeste, com perda significativa da produção.
O assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias Filho, defende que o setor agropecuário nacional tem condições de se adaptar às mudanças climáticas. "A nossa parte na redução de emissão de carbono, nós estamos fazendo", afirma. Segundo ele, em comparação com outras partes do mundo, a atividade agropecuária brasileira é mais eficiente, principalmente no setor pecuário extensivo, com impactos menores por quilo de alimento produzido.
Para a CNA, o passo que poderia contribuir com a expansão de técnicas mais adequadas à preservação ambiental seria a ampliação da extensão rural, com mais profissionais levando conhecimento aos médios e pequenos produtores.
Falta de ousadia trava acordo
Vai de mal a pior o ritmo das negociações na 19.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-19), que começou no dia 11 e vai até a próxima sexta-feira, em Varsóvia, Polônia.
A opinião é da secretária-executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), Andrea Santos. A decisão do Japão, que anunciou metas menos ambiciosas para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, é o principal motivo da falta de boas perspectivas para que os 190 países cheguem ao um acordo sobre compromissos para frear o impacto humano no aquecimento global. Também a Austrália recuou em compromissos assumidos anteriormente.
"A verdade é que nenhum país quer mexer no seu modelo de desenvolvimento", diz Andrea. O discurso vigente no momento, na Polônia, aponta para adiar decisões até o encontro que deve acontecer em 2015, em Paris.
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