Imagens comparadas de três satélites, analisadas pela Universidade de Tel Aviv (Israel), indicam que, na última década, Curitiba foi a segunda metrópole no mundo que mais diminuiu a poluição atmosférica. Outras cidades brasileiras, como Brasília e Campinas, também aparecem bem no levantamento. O Brasil, assim, segue no sentido contrário ao da tendência mundial, que apontou aumento na quantidade de partículas, gases tóxicos e fumaça no ar dos grandes centros urbanos. Os pesquisadores reconhecem que os dados menos precisos são os referentes à América do Sul. Mas, como existem informações de três fontes diferentes e há uma tendência clara de queda na emissão de poluentes, o estudo foi validado.
O superintendente da Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba, Alfredo Trindade, comemora a presença da cidade no ranking e destaca que isso é resultado de uma soma de fatores. O aumento da quantidade de veículos flex, a utilização de biocombustíveis no transporte coletivo e a fiscalização de potenciais poluentes, como indústrias, são apontados como aspectos que tiveram influência na qualidade do ar da cidade. Ele faz questão de frisar que a queda na poluição acontece num momento de constante aumento da frota circulante na cidade: a quantidade de veículos cresceu na faixa de 70% na década.
Monitoramento confirma queda nas emissões
As estações de monitoramento da qualidade do ar espalhadas por 12 pontos de Curitiba e Região Metropolitana também apontam, assim como a imagens de satélite avaliadas pelos pesquisadores israelenses, redução na quantidade de poluentes na atmosfera no decorrer da década. O levantamento é feito pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O superintendente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Alfredo Trindade, conta que Curitiba registra, por ano, três ou quatro dias em que o ar não está em condições regulares número considerado pequeno em comparação com outras cidades, que chegam a recomendar que os moradores não saiam de casa.
"Hoje o principal fator de poluição atmosférica é a queima de combustível pelos veículos automotores", comenta. A meta é investir mais em transporte coletivo e opções menos impactantes, como bicicletas, e ampliar a rede de monitoramento. Ações como o projeto-piloto de diminuição da quantidade de chumbo no combustível usado no transporte coletivo e até a conservação de áreas verdes também podem ajudar na melhoria atmosférica. "Temos 17% de Curitiba ainda com cobertura florestal, além das 300 mil árvores plantadas nas ruas da cidade. A vegetação atua retirando os poluentes, que ficam retidos na copa e no tronco."