Após cinco anos em tendência de queda, a quantidade de área derrubada de Mata Atlântica voltou a subir, tanto no Brasil como no Paraná. Os dados fazem parte do Atlas de Remanescentes de Mata Atlântica, divulgado ontem. No Brasil, 235 quilômetros quadrados desse tipo de floresta nativa vieram abaixo na comparação entre 2011 e 2012.
De cada dez hectares derrubados no país, um foi devastado no Paraná, que ocupa a quarta posição entre os estados que mais desmataram floresta atlântica. Em apenas um ano, uma área nativa de Mata Atlântica equivalente ao tamanho somado dos bairros curitibanos Boqueirão e Hauer foi suprimida em território paranaense. Com a variação de 1,3 mil hectares em 2011 para 2 mil hectares em 2012, o aumento no desmate no estado foi de 53%.
Nenhum município paranaense está na lista dos dez que mais registraram desmatamento. Contudo, o monitoramento que identifica casos acima de três hectares encontrou desmates em 72 cidades do estado.
Chamam a atenção as situações localizadas nos municípios de Bituruna, Prudentópolis e Coronel Domingos Soares, na porção Centro-Sul do estado. As três cidades já estiveram, em anos anteriores, no ranking de desmatamento.
O Atlas foi realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estudo é realizado desde 1985 e é a primeira vez que todos os 17 estados brasileiros com registro de Mata Atlântica estão presentes. Contudo, em decorrência de nuvens e outros problemas nas imagens de satélite, 81% do território com incidência de Mata Atlântica foi monitorado. Atualmente restam apenas 8,5% do que havia originalmente desse tipo de bioma. Como a maior parte está em áreas particulares, a fundação salienta a importância de mecanismos de combate ao desmatamento e também de incentivo à preservação.
Outro lado
Procurado pela Gazeta do Povo a analisar os resultados do Atlas, Tarcísio Pinto, presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), órgão responsável por autorizar cortes e fiscalizar ações irregulares, destaca que ainda não analisou o estudo. "Precisamos avaliar se realmente houve desmate e quanto disso está legalizado", comenta.
Ele ressalta que não tem conhecimento da ocorrência de grandes desmatamentos no Paraná no último ano e que o sistema de monitoramento no estado forçará quem praticou derrubadas ilegais a recuperar a mata nativa. O IAP se compromete a verificar quais são os pontos indicados no estudo e apresentar, posteriormente, uma avaliação completa dos dados.