Mata Atlântica
Desmatamento e agropecuária também são vilões
O histórico de pressão urbana sobre a Mata Atlântica só se expande desde o descobrimento do Brasil, há cinco séculos. Atualmente, 61% da população brasileira vive em áreas que eram ocupadas por esse tipo de floresta.
A diretora de Gestão do Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota, destaca que restaram apenas 7,91% do que já existiu desse bioma. Portanto, a perspectiva de perder um grande pedaço do que sobrou em função do aumento das grandes cidades é preocupante. Contudo, ela aponta que hoje a expansão da agropecuária e o desmatamento são os principais fatores de risco para a Mata Atlântica.
Para o coordenador do Programa Cerrado-Pantanal da WWF-Brasil, Michael Becker, a pressão urbana, em comparação com o que acontece na Mata Atlântica, não é tão forte no Cerrado. Ele indica, porém, que é a pressão indireta sobre os biomas brasileiros a responsável pela devastação atual: o consumo, em grandes centros, de carne produzida em áreas de Cerrado, por exemplo.
"Não é só derrubando uma área nativa para construção de um conjunto habitacional que estamos devastando regiões preservadas. É preciso repensar os padrões de consumo", diz Becker.
Mesmo que estejam a muitos quilômetros de distância de florestas ou paisagens preservadas, moradores de grandes centros urbanos "contribuem" para a degradação do que resta de recursos naturais no planeta. A expansão do consumo de bens e energia produzidos pressionando áreas conservadas é a principal fonte de devastação dos biomas existentes. Uma estimativa feita por pesquisadores estadunidenses indica que, até 2030, 1,2 milhão de quilômetros quadrados no mundo deixará de ser preservado em função da pressão urbana.
Essa ameaça global coloca em risco de extinção 205 espécies de animais que vivem nos habitats pressionados. Do que resta de Mata Atlântica e Cerrado no Brasil, 15% e 2,5%, respectivamente, podem sumir. A área preservada que está prestes a desaparecer é quase do tamanho do estado do Amazonas.
Apesar de os números apontarem para danos drásticos em território brasileiro, é na Ásia que o cenário é mais preocupante. China e Índia, em franco processo de aumento de moradores vivendo em grandes cidades, devem consumir cerca de R$ 28 trilhões em projetos de desenvolvimento de infraestrutura urbana nos próximos 27 anos. Vilas e aldeias serão transformadas em metrópoles. O levantamento indica que regiões nos arredores do Himalaia terão, num futuro próximo, grande densidade populacional.
África
Também há previsão de que o ritmo de crescimento seja alargado na África, em comparação com o período dos anos 2000. Estarão em foco os aumentos metropolitanos em países como Quênia, Uganda, Ruanda, Burundi, Nigéria e Etiópia. Já na América do Norte, que registra 78% da população vivendo em áreas urbanas, a taxa de ocupação do solo é que deve aumentar para fazer frente ao crescimento populacional.
Para os pesquisadores, que se basearam em diversos estudos elaborados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), só a aplicação de projetos sustentáveis, aliando desenvolvimento e preservação, seria capaz de diminuir o impacto sobre as áreas nativas.
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