Frustração e raiva são os sentimentos que predominam entre ativistas ambientais e sociais pelo "fracasso" da cúpula da ONU Rio+20, que terminou nesta sexta-feira (22) com um acordo que consideram decepcionante e vergonhoso.

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"A Rio+20 foi decepcionante. Para os 175 milhões de membros de organizações que representamos, há um profundo sentimento de raiva e frustração", disse Sharon Burrow, membro da Confederação Sindical Internacional (CSI), após uma reunião de vários ativistas com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

"Não há prazos, não há medidas concretas, não temos nenhuma garantia (...) e para o meio ambiente, andamos para trás", completou.

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O documento final para preservar o meio ambiente e combater a pobreza aprovado por líderes nesta sexta-feira é "abstrato e não corresponde à realidade", disse a jornalistas Kumi Naidoo, do Greenpeace International.

"O Rio não conseguiu nos dar o futuro que queremos porque não temos os líderes de que necessitamos. Os líderes dos países mais poderosos apoiam o status quo e querem manter as coisas como estão, colocando vergonhosamente o lucro privado à frente das pessoas e do planeta", disse o Greenpeace em comunicado, qualificando a cúpula de um "fracasso de proporções épicas".

Uma das principais críticas das organizações é que o texto final prevê uma transição para a chamada "economia verde" que preserve os recursos naturais e leve em conta a necessidade de erradicar a pobreza - conceito visto pelos ativistas como um disfarce para mais uma etapa da acumulação capitalista.

"A Rio+20 repete o livro falho de falsas soluções defendido pelos mesmos atores que provocaram a crise global", afirma a declaração final da Cúpula dos Povos "contra a mercantilização da vida", aprovada nesta sexta-feira em uma assembleia.

"A maioria dos governos demonstrou irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveu os interesses das corporações na conferência oficial", afirma o texto, que destaca "a vitalidade e a força das mobilizações e os debates na Cúpula dos Povos".

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Darci Frigo, ativista brasileira dos direitos humanos, declarou que "a ONU não está representando os interesses dos povos na medida em que os atores que causaram a crise são os mesmos que propõem as soluções".

Organizada pela sociedade civil paralelamente à conferência oficial, a Cúpula dos Povos foi iniciada há uma semana com a participação de cerca de 50.000 ativistas, indígenas, estudantes e religiosos que pediram em protestos e debates soluções concretas para os principais problemas do planeta.

O maior dos protestos reuniu mais de 20.000 pessoas nas ruas do centro do Rio.

Os ativistas prometem mais manifestações. "Dissemos a Ban que vamos nos mobilizar. Os líderes mundiais devem sentir a pressão das pessoas dizendo que querem uma alternativa, um modelo econômico diferente", declarou Burrow.

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