O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, abriu oficialmente nesta quarta-feira a Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, onde deverão discutir propostas para a erradicação da pobreza paralelamente à defesa do meio ambiente.
Durante seu discurso, ele lamentou os poucos avanços na área ambiental desde a Rio-92, mas parabenizou a presidência do Brasil pelos resultados das negociações na Rio+20. Segundo ele, durante a conferência, o mundo terá uma "segunda chance".
"Estamos diante de um acordo histórico, não vamos perder essa oportunidade. O mundo está nos observando para ver se seremos capazes de fazer as mudanças", disse.
Ban Ki-moon também ressaltou que a Rio+20 não é o fim de um processo, mas apenas o começo dele."Está na hora de pensarmos globalmente e localmente. Estamos lutando contra o relógio", alertou.
Ainda durante a cerimônia, Dilma Rousseff foi eleita a presidente da conferência. Em seguida, ela fez um breve discurso de agradecimento, deu boas vindas aos participantes e abriu os trabalhos, que serão conduzidos pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.
Em torno de 86 líderes globais participam da conferência.
O evento ocorre 20 anos depois da Rio92, quando os países pediram ações para combater as mudanças climáticas, a desertificação e a extinção das espécies.
O encontro começou com a exibição de um curta-metragem de três minutos chamado "Bem-Vindos à Antropocena", com imagens dramáticas sobre as mudanças no meio ambiente desde a Revolução Industrial.
Antropocena é o nome dado por cientistas para a nova era da história da Terra. Deriva do grego para indicar a "era dos humanos".
Cerca de 191 discursos devem ocorrer até a sexta-feira, quando os líderes encerrarão a conferência dando seu parecer sobre o documento de 53 páginas fechado pelos negociadores na terça-feira.
Reino Unido
A versão final do documento da Rio+20 entregue aos chefes de Estado é "um passo à frente", mas distante de resolver os problemas do planeta, disse na manhã de hoje o vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg, chefe da delegação do Reino Unido na conferência da ONU.
Na avaliação do vice-premiê, é "irrealística" a ideia de que o documento será alterado nos próximos três dias, com a presença dos chefes de Estado.Segundo Clegg, faltam ao documento metas claras e pressão sobre os governos para o desenvolvimento sustentável.
"O documento deveria ter mais detalhes, precisão, mais pressão nos governos. Traduzir a ideia do documento em ação. Isso é o que devemos fazer no futuro. Não é um passo tão grande quanto gostaríamos, mas é um passo", disse ele, em visita à Floresta da Tijuca em companhia de Rosa Lemos, do Funbio (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade).
Na análise do vice-premiê, é difícil chegar a um acordo numa negociação que envolve mais de 190 países. Ele afirma que novos avanços devem ser feitos nos próximos anos a partir do documento da Rio+20.
"Encontrar um texto que todos concordem com tantos países e interesses diferentes é sempre uma tarefa difícil. Temos que ver esse documento como ele é: um passo a frente, sobre o qual temos que construir mais. Mas o mundo não ficará solucionado com apenas ele", disse ele.
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