Ser líder é assumir a responsabilidade de conduzir, mesmo que os caminhos a serem trilhados sejam difíceis. Na Rio+20, ao menos até agora, a diplomacia brasileira abriu mão de exercer a liderança. Chegou ao ponto de o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota, reconhecer que está frustrado com a proposta final costurada na madrugada de terça-feira. O resultado foi o esperado: o documento, frio e sem ambição, foi recebido de braços abertos até pelos países que costumam complicar as negociações, como China e Estados Unidos.

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Dentro do já esperado "jeitinho" brasileiro, a negociação do documento-base que será levado aos chefes de Estado foi protelada até os últimos momentos, na esperança de que os mais intransigentes cedessem à pressão. Mas a pressão pela inclusão de compromissos reais e verdadeiras mudanças de rumo foi leve demais. Sim, a mecânica da ONU é mais do que democrática – ela não aceita nem o princípio da maioria impondo exigências à minoria. Ou todos concordam, ou nada feito. Mas a verdade é que muitos representantes de governos foram para os grupos de debates sem nenhuma disposição para mudanças.

Longe de confundir liderança com autoritarismo, o Brasil devia abandonar a posição de gentil anfitrião. Alguém precisa ousar. E cabe a quem realmente quer transformações propor passos mais ousados, que não fujam da linha "precisamos tomar medidas, mas no momento não podemos fazer nada".

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A chiadeira das ONGs ambientalistas diante do documento era esperada. Aliás, mesmo que a proposta representasse um avanço, ainda assim os ativistas reclamariam pelo simples motivo de que cabe a eles protestar na tentativa de forçar mudanças.

Da forma como as negociações foram conduzidas, o Brasil não agiu como um gigante – em riquezas naturais e em importância política.