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| Foto: Ricardo Moraes/ Reuters

Dilma defende etanol como energia limpa

A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que são infundadas acusações de que a produção de etanol no Brasil provoca desmatamento na Amazônia e utiliza trabalho escravo. Segundo ela, as acusações seriam fruto de práticas fraudulentas de competição e tentativas de diminuir a importância do etanol. O Brasil recebeu críticas, principalmente vindas de países europeus, de que a produção de etanol traria efeitos colaterais nefastos por uma suposta aceleração do desmatamento e degradação das condições de trabalho nas lavouras.

A partir de 2008, quando o Brasil intensificou a produção do etanol, a FAO, organização da ONU para alimentos, chegou a dizer que o uso de alimentos para produzir combustíveis seria uma ameaça ao combate à fome. A presidente ressaltou a distância continental entre a região produtora de cana-de-açúcar e a Amazônia.

Agência O Globo

Paraná levará propostas de metas a ONU

O Comitê Paranaense para a Rio+20 elaborou um documento com o posicionamento dos paranaenses em relação às diretrizes da Rio+20. A opinião de 1.252 pessoas foi levada em consideração, a partir de consulta pública eletrônica e reuniões. Com o propósito de orientar o desenvolvimento sustentável do Paraná, o documento define metas e sugestões apresentadas pela sociedade paranaense sobre temas como agricultura, água, biodiversidade, direitos animais, saneamento e mobilidade urbana. O documento foi entregue ontem ao governador Beto Richa, que hoje participa de eventos da Rio+20.

Na área da agricultura, são propostas ações como a criação de sobretaxas e tributos sobre produtos que utilizem agrotóxicos, além de medidas de estímulo ao consumo de alimentos orgânicos, principalmente entre as crianças. Para a proteção animal, o documento prevê a estruturação de promotorias de defesa dos animais em diversas regiões e a criação de santuários ecológicos.

Pacto global

Uma carta do governo do Paraná foi enviada ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, oficializando a adesão ao Pacto Global, um acordo voluntário pelo qual entidades de todo o mundo se comprometem a aplicar dez princípios relacionados ao desenvolvimento sustentável e à erradicação da pobreza.

Da Redação

Bloqueado por quatro focos de divergências, incluindo quem financiará a transição para um modelo de desenvolvimento que preserve o ambiente, o documento final da reunião preparatória da Rio+20 não ficará pronto hoje, prazo previsto inicialmente. A tensão cresceu ontem, quando foram suspensas as negociações sobre o financiamento e o conceito de economia verde. Os EUA, apoiados por União Europeia e Canadá, disseram que não aceitam dar contribuições obrigatórias para o fundo de US$ 30 bilhões anuais proposto pelo G77 (mais de 130 países em desenvolvimento).

A delegação norte-americana, segundo relataram pessoas presentes à negociação, não aceitou que seja usada a palavra "fundo" nem qualquer referência a valor. Sugeriu menção apenas a uma "mobilização de recursos". Depois, deu um prazo de duas horas para que o G77 dissesse se aceitava ou não essa redação ou apresentasse uma contraproposta.

Em retaliação, o G77 se retirou da sala em que era negociada a transição para uma economia verde, termo visto com desconfiança por alguns países em desenvolvimento, que pedem "espaço" para políticas nacionais e temem que o conceito justifique o "ecoprotecionismo".

Comando

O chefe da delegação brasileira, Luiz Alberto Figueiredo Machado, e Nikhil Chandavarkar, porta-voz do secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang, sublinharam que o tema em que um acordo se mostrava mais difícil é o dos chamados "meios de implementação", que inclui o financiamento e a transferência de tecnologias verdes.

Além desses, são mais três os pontos que impedem o acordo: a economia verde; o princípio das "responsabilidades comuns, mas diferenciadas"; e a transformação ou não do Pnuma, o programa da ONU para o ambiente, numa agência especializada, que receba contribuições obrigatórias dos países-membros. "O documento inteiro é refém desses pontos", disse Chandavarkar.

Só 25% dos parágrafos do texto, que tem hoje 80 páginas, foram acordados. Um acordo sobre um dos quatro pontos de divergência pode desbloquear a redação de todos os parágrafos de um capítulo – o documento é dividido em cinco.

Cúpula dos Povos aguarda 25 mil pessoas

Começa hoje a Cúpula dos Povos, o evento organizado por mais de 50 ONGs nacionais e internacionais que pretende atrair cerca de 25 mil pessoas ao Aterro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro. Um dos maiores eventos paralelos à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a cúpula mostrará a mobilização da sociedade civil e as iniciativas de sucesso realizadas na área de sustentabilidade. Cerca de 1,2 mil atividades serão desenvolvidas até o último dia do evento, em 23 de junho. Somente hoje serão cerca de 150 atividades nas 60 tendas montadas no local, dentre debates, seminários, palestras, oficinas e performances voltadas para as áreas que abordam os três pilares do desenvolvimento sustentável: ambiental, social e econômico. Ontem, ocorreu a primeira assembleia indígena na aldeia Kari-Oca (foto), coordenada pelo diretor-executivo da Rede Ambiental Indígena, Tom Goldtooth.

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Aconteceu

Veja algumas curiosidades do segundo dia da Rio+20:

Troféu "Fóssil do Dia"

Jovens que participam da Rio+20 vestiram "trajes de gala" na noite de ontem para entregar o primeiro prêmio "Fóssil do Dia", dedicado aos países que "menos apoiam o progresso em questões relevantes às mudanças climáticas". O primeiro laureado foi os Estados Unidos. O trófeu, feito com uma taça e balões pretos – representando o petróleo e outros combustíveis fósseis – foi entregue simbolicamente a um jovem norte-americano.

Lula adia visita

Por determinação médica e para poupar a voz, o ex-presidente Lula cancelou a ida à inauguração da Arena Socioambiental da Rio+20 no Rio de Janeiro, prevista para sábado. Lula ainda pode ir ao Rio na próxima semana para outras atividades da conferência. A confirmação dependerá de sua recuperação.

Patriota paga carbono

O chanceler Antonio Patriota foi o primeiro a passar um cartão para compensar as emissões de gases do efeito estufa durante seu deslocamento aéreo para a Rio+20. O valor: R$ 10, pela viagem de Brasília ao Rio. A ferramenta foi desenvolvida em parceria pela Caixa Econômica Federal e pela ONU para doações voluntárias aos créditos de carbono. Qualquer participante da Rio+20 poderá tomar a mesma atitude.

Raoni pede paz

O cacique caiapó Raoni, conhecido mundialmente por sua luta em defesa da Amazônia, pediu ontem que o planeta deixe os índios em paz, "sem represas" como a da usina Belo Monte, em construção no coração da maior floresta do mundo. "Quero pedir que o mundo respeite o povo indígena, que nos deixem viver em paz, sem represas", pediu Raoni.

Preços salgados

Várias delegações, principalmente as de países mais pobres, estão reclamando dos preços praticados nas praças de alimentação. Para o integrante da delegação do Zimbabue Thomas Musukutusa pagou por um copo de chá mate o triplo do que pagaria em seu país. O estudante chinês Shen Changkun também se impressionou por ter pago R$ 20 em uma porção de yakisoba, o dobro do valor que está acostumado a desembolsar.

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