Por pouco os participantes da Rio+20 não se depararam com o mesmo tipo de destinação reprovável de lixo que existia no Rio de Janeiro há duas décadas, quando foi realizada a Eco92. O fechamento do lixão de Gramacho apenas dez dias antes do início da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável é uma mostra de que a cidade está apenas engatinhando quando o assunto é respeito ao meio ambiente. Apenas 3% dos resíduos domésticos produzidos no Rio de Janeiro são reciclados.
A Baía da Guanabara recebeu R$ 1 bilhão para projetos de despoluição depois da Eco92, mas continua exibindo muita sujeira.
Delegações visitantes que foram recepcionadas no Aeroporto do Galeão com a impressionante reprodução de uma floresta feita de plástico logo perceberam que a Rio+20 estava tentando parecer "verde".
Chegar ao local da conferência foi o primeiro desafio. A maior parte dos hotéis fica a 45 quilômetros do Riocentro complexo de pavilhões que abrigou as discussões diplomáticas. Cerca de 130 ônibus exclusivos foram colocados à disposição dos participantes, mas não foram poucas as vezes em que o trajeto levou duas horas. Mesmo os gringos que se surpreenderam com os veículos que não eram movidos a petróleo e sim a etanol reconheceram que não há álcool feito de cana-de-açúcar capaz de justificar o deslocamento de 40 mil pessoas por dia por uma distância dessas. Além disso, o quente inverno carioca fez um poluído córrego no entorno do Riocentro exalar cheiro de esgoto.
Na exposição que aconteceu ao lado das conferências, empresas do setor automotivo e de produção de energia investiram para tentar melhorar a imagem de principais devastadoras. Copos plásticos foram substituídos por recipientes feitos de palha de milho e o carpete era de material reaproveitado de garrafas PET. A grama sintética instalada na entorno dos estandes foi a marca de que tudo era muito aparente e pouco substancial. Nesta semana, quando a Rio+20 for substituída no centro de convenções por uma megafeira de moda para mamães e bebês, não restará dúvidas de que as preocupações ambientais demonstradas nos últimos dias eram apenas passageiras.
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