Foto de cima: Antes - Área de pastagem no litoral do Paraná; Foto abaixo: Depois - Um ano após o plantio de mudas| Foto: Divulgação
Subindo o morro e margeando o rio, 11 mil mudas foram plantadas em área de Adrianópolis
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Não foram poucos os agropecuaristas que plantaram ou fizeram pastagens até a beira do rio e no topo de morros, ignorando qualquer preocupação com as áreas de preservação permanente. Também por muito tempo, o valor de manter a floresta em pé não extrapolava o preço da madeira. O corte, aliás, era um bônus nas fazendas. A derrubada chegou a ser incentivada e financiada. Mas, aos poucos, o cenário se inverte. Restaurar a vegetação passou a ser uma atividade a ser considerada.

O biólogo Ricardo Britez está à frente de um projeto da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) nos municípios de Antonina e Guaraqueçaba, no litoral do Paraná. Estão em restauração 1,5 mil hectares, uma área maior que o bairro curitibano de Santa Felicidade. Nas fazendas antes repletas de búfalos está surgindo uma floresta. "Estamos tentando tornar o ambiente mais próximo do que era antes", comenta.

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Ele destaca a resiliência da natureza, que é a capacidade de se recuperar sozinha. Mas, em algumas situações, foi necessário intervir. A braquiária, uma gramínea, foi roçada para dar espaço para as árvores. Em dois anos, aparece uma capoeira. Uma "florestinha", com cerca de 50 espécies, surge em 15 a 30 anos. "Para chegar a 90% do potencial só acima de 100 anos", resume. O projeto tem foco ambiental, acreditando na necessidade de conservar os remanescentes florestais e criar corredores de fauna e flora, replantando áreas degradadas.

Em muitos casos, o compromisso de recompor a natureza está atrelado a uma exigência da lei. É o caso da fábrica Supremo Cimentos, que está se instalando em Adrianópolis, no Vale do Ribeira. Para a construção da indústria foi adquirida uma fazenda usada na pecuária. A pastagem se estendia até bem perto de rios e córregos. Parte das Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e da reserva legal não estava conservada.

Para conseguir a licença ambiental para a fábrica, a empresa precisa recuperar, com espécies nativas, as áreas degradadas. A bióloga Adria Moritz conta que serão plantadas, na primeira fase, 11 mil mudas de mais de 40 espécies. Nas margens do Rio Ribeira, haverá faixas com até 100 metros de mata. A expectativa é de que parte dos morros que contornam a fábrica volte a ser da cor verde-árvore.

Florestas na definição do Ministério de Ciência e Tecnologia, são formações vegetais que tenham "valor mínimo de cobertura de copas das árvores de 30%, valor mínimo de terra de 1 hectare e valor mínimo de altura de árvores de 5 metros".