Tatiana Gadda, urbanista e coordenadora do Studio Cidades e Biodiversidade da UTFPR| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Preservação em foco

Entenda a importância da conservação da biodiversidade:

Relação desigual

Segundo a ONU, em nenhum outro momento da história as taxas de perda de biodiversidade, que incluem o desmatamento e a extinção de espécies, por exemplo, atingiram níveis tão altos.

Efeitos negativos

Nesse rápido – e mal planejado – desenvolvimento, as áreas urbanas acabam se caracterizando por uma grande proporção de superfícies impermeáveis e poucos espaços verdes.

Cenário

Apesar de as cidades ocuparem hoje apenas 2% da superfície da Terra, cerca de 50% da população mundial vive nessas áreas urbanas – proporção que deve subir para 90% até o ano de 2100, segundo estimativas da ONU.

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Falta debate

Complexidade do tema afugenta gestores públicos, dizem especialistas

Como aliar o crescente desenvolvimento urbano com a conservação da biodiversidade é o dilema diário do Studio Cidades e Biodiversidade, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Para a coordenadora do studio, a urbanista Tatiana Gadda, a criação do grupo veio justamente tentar sanar a falta de discussão sobre o tema, seja dentro das universidades quanto nas prefeituras. "A discussão sobre as mudanças climáticas já emplacou. Mas sobre a biodiversidade, não. Essa é uma discussão recente, que precisa de um olhar mais amplo, sistemático", afirma.

O diretor-executivo e fundador da ONG Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Clóvis Borges, destaca que a complexidade do tema acaba afugentando gestores públicos e a própria população das questões relativas à biodiversidade. Para ele, essa é uma barreira que só será quebrada por meio do conhecimento técnico voltado a todos os atores sociais. "Ainda se vê na sociedade como um todo a conservação da biodiversidade se confundindo com discussões sobre destino do lixo e mobilidade, por exemplo. Achar que somente reciclando lixo estou preservando a biodiversidade é muito distante da realidade, embora reconfortante para quem faz isso", avalia. (RW)

Em uma pequena sala na Universidade Tecnólogica Federal do Paraná (UTFPR), um grupo de professores e estudantes trabalha há quase um ano em um modo de conciliar o desenvolvimento das cidades brasileiras à conservação da biodiversidade. Eles integram um projeto chamado Studio Cidades e Biodiversidade. Os studios são iniciativas fomentadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em universidades de todo o mundo com o objetivo de discutir ações e maneiras de incluir o cuidado com o meio ambiente no planejamento urbano das cidades.

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A iniciativa na UTFPR envolve 22 alunos e cinco professores, de nove diferentes áreas, que vão de planejamento urbano e ecologia até desenvolvimento social, direito e economia. Apesar de ser relativamente recente – o grupo foi criado em março do ano passado –, a experiência do studio curitibano foi escolhida para figurar em um guia que será lançado pela ONU, ao lado de outras sete universidades de países como Armênia, Índia, Espanha e Japão.

A publicação servirá de referência para gestores públicos que queiram abraçar a conservação da biodiversidade em suas políticas públicas. A intenção é lançar luz sobre o tema e chamar a atenção para os efeitos adversos consequentes da extinção das áreas verdes e espécies animais.

Treinamento

Os primeiros efeitos dessa aproximação entre academia e poder público já puderam ser percebidos em junho de 2012, durante a Rio +20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável. Convidado pe­­lo Ministério do Meio Am­biente, o grupo da UTFPR promoveu um treinamento para 32 gestores públicos de 13 municípios brasileiros – principalmente secretários municipais de Meio Ambiente.

No curso relâmpago, feito ao longo de quatro horas, os gestores precisaram apresentar soluções e trocar ideias sobre problemas envolvendo a conservação da biodiversidade e demandas locais de quatro municípios fictícios. A experiência foi considerada positiva e a intenção agora é criar treinamentos itinerantes feitos para regiões específicas, tanto no Paraná quanto em outros estados – desta vez, com muito mais tempo para discussão.

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