Sem acordo, eletrônicos vão parar em lixões
Outros setores da indústria, como o de eletrônicos, medicamentos e embalagens, estão em fase de elaboração de editais para as consultas públicas que antecedem os acordos setoriais no Ministério do Meio Ambiente. Enquanto isso, produtos eletrônicos descartados vão parar, em sua maioria, nos aterros. Numa das cooperativas de reciclagem de Ponta Grossa, por exemplo, parte do barracão é ocupada por computadores velhos, televisores, impressoras e aparelhos de DVDs. A cooperativa reúne em torno de 28 toneladas de resíduos por mês, mas cerca de 50% dos produtos são eletrônicos descartados. "Eles vêm para cá, mas não temos o que fazer com isso e duas vezes por semana o caminhão vem e leva para o aterro", afirma o presidente da cooperativa, Luiz Carlos Azarias (foto acima). O secretário estadual do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, diz que como os aparelhos eletrônicos são construídos com vários componentes e, portanto, cada setor envolvido na produção desses componentes será chamado para elaborar um acordo a fim de promover a logística reversa.
Se o lixo comum já é um problema em qualquer cidade, a destinação ambientalmente correta de resíduos como pneus, lâmpadas, pilhas, entre outros, é um desafio ainda maior. A Política Nacional de Resíduos Sólidos completa três anos neste mês e uma das exigências da lei é a logística reversa, ou seja, a devolução deste tipo de material para a indústria que o originou. O problema é que nem todos os fabricantes resgatam os resíduos. Nesses casos, as prefeituras ficam sem saber o que fazer com esse lixo. O destino, quase sempre, é o aterro sanitário.
Para buscar sanar o problema, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) se reuniu com representantes de 86 municípios paranaenses responsáveis por 90% do lixo gerado no estado. A meta é evitar que resíduos recicláveis parem nos lixões e contaminem ainda mais o meio ambiente.
Segundo o secretário Luiz Eduardo Cheida, da Sema, dentro de dois meses as prefeituras deverão apresentar locais apropriados para armazenar os resíduos pós-consumo. Enquanto isso, a secretaria tentará amarrar pré-acordos com os setores industriais para que eles possam coletar os resíduos e dar uma destinação correta a eles. "Nossa expectativa é que até o final do ano estejamos com os acordos firmados", afirma Cheida.
Se essa meta se concretizar, o Paraná vai largar na frente do país, já que até o momento somente o setor de embalagens de lubrificantes assinou acordo setorial com o Ministério do Meio Ambiente. "O Estado tem autonomia para fazer os acordos próprios", diz o secretário.
Depósito
A prefeitura de Irati, no Centro-Sul do estado, se antecipou ao pedido da Sema e criou um depósito específico para lâmpadas usadas. O local já armazena 70 mil unidades que, se fossem jogadas no aterro, contaminariam o solo com metais pesados como mercúrio e chumbo, explica o secretário do Meio Ambiente de Irati, Osvaldo Zaboroski.
Em Telêmaco Borba, nos Campos Gerais, as lâmpadas vão parar na cooperativa de reciclagem e no aterro municipal. Só os órgãos da prefeitura geram em torno de 750 lâmpadas usadas por mês. Segundo a engenheira ambiental do município Lorena Taborda Bonfim, a partir da próxima licitação para compra de lâmpadas, o edital exigirá que os fornecedores se responsabilizem pela coleta e reciclagem das lâmpadas inservíveis. O Paraná tem 300 mil lâmpadas que aguardam destinação final, segundo a Sema.
Destinação corretaPneu foi o primeiro setor a firmar acordo no estado
Desde o final do ano passado, os fabricantes instalaram 90 pontos de coleta no Paraná para recolher os pneus inservíveis e destiná-los para reaproveitamento. O acordo foi firmado entre a Reciclanip, entidade que representa as quatro maiores empresas do setor, e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). Em média, 5 mil toneladas de pneus são descartados no estado por mês.
Curitiba é um desses pontos. Eliane Train, responsável pelo Departamento de Limpeza Pública da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, lembra que até dois pneus podem ser depositados na coleta pública, através do programa Lixo que Não é Lixo. Já quantidades maiores têm pontos específicos de recolhimento no bairro Boqueirão e na vizinha cidade de Araucária. "Os pneus, quando dispostos inadequadamente, têm como consequência mais grave a proliferação de vetores como o mosquito da dengue", lembra. Os pneus recolhidos no Paraná são repassados à Votorantim, que os utiliza como combustível na produção de cimentos.
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