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Florestas

O peso do gelo desafia as araucárias

 | Daniela Xu/ Folhapress
(Foto: Daniela Xu/ Folhapress)
Antes: cobertos pela neve, galhos das árvores não resistem e se quebram assim que o gelo derrete |

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Antes: cobertos pela neve, galhos das árvores não resistem e se quebram assim que o gelo derrete

Depois: cobertos pela neve, galhos das árvores não resistem e se quebram assim que o gelo derrete |

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Depois: cobertos pela neve, galhos das árvores não resistem e se quebram assim que o gelo derrete

Apesar de ser típica do clima subtropical, a mata de araucária está sofrendo com o frio intenso que marca o inverno deste ano no Sul do Brasil. O peso da neve sobre folhas e galhos foi capaz de derrubar árvores. Os principais prejuízos para a natureza foram registrados em Santa Catarina. A uma centena de quilômetros do mar, a região de Itaiópolis, bem perto da divisa com o Paraná, foi uma das mais afetadas.

No dia 22 de julho, o verde das matas foi coberto pelo branco da neve. Em alguns pontos, os flocos se acumularam por até 30 centímetros. Na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) das Araucárias Gigantes, o ambientalista Germano Woehl Junior, do instituto Rã-Bugio, estima que ao menos 10% das espécies menos resistentes tombaram e 90% tiveram quedas de galhos – a maioria deles acaba dentro de rios, interrompendo o fluxo normal da água. A 600 metros de altitude, a RPPN está numa área de transição, com presença de floresta de araucária e de vegetação típica da Serra do Mar, menos adaptada ao frio intenso.

Germano salienta que não encontrou nenhuma araucária caída. Como são mais fortes, elas suportaram o peso e também protegeram as que estavam abaixo. "Fica evidente, mais uma vez, a importância da vegetação nativa intacta. Nos pontos em que não houve o desmatamento, a natureza conseguiu se defender", destaca. A mata de Araucária é assim chamada porque a árvore é predominante, mas esse tipo de vegetação é uma composição de várias espécies. Também perobas e canelas-pretas não cederam ao peso da neve. Já o vassourões e marias-pretas vieram abaixo. As árvores que já haviam perdido as folhas no inverno não sentiram o peso da neve, como o maiate, o cedro e a canjarana. Até a oferta de alimento para os animais foi afetada.

Chuva

A chuva acabou sendo um fator preponderante: a que caiu antes da neve encharcou o solo e propiciou deslizamentos, mas a que veio depois da neve ajudou a derretê-la. Há muito tempo não eram registrados prejuízos ambientais causados pelo fenômeno. "Agricultores da região dizem que nunca viram. Em 1957, na maior nevasca antes dessa, não teve os mesmos estragos", comenta Germano.

O gerente de Licencia­­mento Agrícola e Florestal da Fundação de Meio Ambiente de Santa Catarina, Carlos Augusto Volpato, afirma que foram registrados problemas pontuais em algumas áreas. Ele não acredita que a neve represente um caso de impacto ambiental em larga escala. As consequências da nevasca de ontem, que teria sido mais fraca, ainda não foram mensuradas.

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