Pesquisa avalia perfil de abates
A ação dos caçadores no Parque Nacional do Iguaçu foi mapeada em um estudo feito pelos pesquisadores Rosimere Fragoso, Luís Eduardo Delgado e Lilian Lopes, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). O levantamento, realizado com base em autos de infração, boletins e laudos da Polícia Ambiental, entre janeiro de 1999 a abril de 2009, revela que a maioria dos caçadores autuados morava em cidades do entorno. No período avaliado foram abatidos 57 animais, a maioria era de veados (26%), cutias (24,5%) e pombas juriti (23%). Nos registros encontram-se capivaras, tatus, uma onça e um jacaré-do-papo-amarelo. (DP)
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Ao menos duas vezes por dia a fauna paranaense é atacada. São crimes de caça, bichos encontrados em cativeiro, tráfico de animais e outras ilegalidades descobertas pela Polícia Ambiental. Nos primeiros quatro meses de 2012 foram 267 registros. Neste ritmo, o número vai ultrapassar os 623 casos do ano passado. Mas a quantidade de agressões à fauna é bem maior: muitos criminosos escapam da vigilância ou acabam sendo localizados por outros órgãos de proteção ambiental. Foi o caso ontem da Polícia Rodoviária Federal, que apreendeu 200 pássaros silvestres em um carro na BR-116, na saída de Curitiba.
A maioria das infrações é relativa à caça. O crime ocorre mais frequentemente em áreas de mata nativa de pequenos municípios, como Cruzeiro do Oeste, Guarapuava, Realeza e Icaraíma. De acordo com os policiais, a ação de caçadores não se limita às unidades de conservação. Os flagrantes são recorrentes no Sudoeste, Oeste e Noroeste do estado.
A situação é preocupante no Parque Nacional do Iguaçu uma das principais áreas contínuas de Mata Atlântica do Brasil. Em 2012, sete prisões de caçadores na reserva de 185 mil hectares, situada no Oeste do estado, já representam a metade de todo o ano passado foram 14 detidos em 2011. O aumento na quantidade de prisões pode estar associado a uma mudança de estratégia de combate. Os policiais passaram a monitorar cerca de 200 picadas abertas dentro do parque.
A fome não pode explicar a manutenção do hábito entre os presos estavam até mesmo empresários da região. De acordo com a polícia, os criminosos confessam que caçam por prazer. Alguns usavam acessórios e roupas especiais e pediam para empregados, dias antes, espalharem sal a fim de atrair os animais. "É quase um safári", diz o tenente da Polícia Ambiental Marcos Cesar Paluch.
Por ser crime afiançável, os detidos logo são liberados. Os juízes estipulam a fiança de acordo com a renda. Em geral, agricultores pagam de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil e empresários e palmiteiros desembolsam R$ 5 mil. Os animais mais abatidos são quati, cotia, paca, anta e veado-pardo.
Caça vira agrado para amigos ou é negociada
Prática comum dos colonizadores da Região Oeste a partir da década de 40, principalmente de descendentes de europeus, a caça sempre foi um problema no Parque Nacional do Iguaçu. No entanto, hoje a questão cultural associada ao consumo de animais silvestres não pode ser usada para explicar a ação. "É um vício, um mau hábito por falta de instrução, conhecimento e ou cidadania", diz o engenheiro florestal Ivan Baptiston. Segundo ele, hoje não se justifica a prática da caça como alternativa de subsistência. Há fortes indícios de que a caça no parque esteja associada a alguma atividade comercial. Alguns caçadores pegam as presas para vender ou fazer "agrados" aos amigos.
Baptiston afirma que hoje o Parque Nacional é uma das poucas áreas do país que conseguem sustentar populações animais em razão da sua extensão. No entanto, pressões externas, como a caça, comprometem o potencial da área. Um tipo de porco do mato, chamado de queixada, é uma das espécies que não se vê no Parque Nacional desde 1997. Os animais circulavam em bandos. Não se pode afirmar que a caça tem sido a única responsável pelo desaparecimento, mas teve um papel preponderante, segundo biólogos.
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