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mudanças climáticas

Previsão é de invernos cada vez mais quentes

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Por mais que o inverno esteja registrando temperaturas negativas e neve, a estação mais fria do ano está ficando cada vez mais quente no Paraná. Nas últimas quatro décadas, houve um aumento de pelo menos 1 grau nas temperaturas médias mínimas. Se medidas emergenciais não forem adotadas, a tendência é que isso se acentue a longo prazo. A constatação foi apresentada ontem, num workshop promovido pelo Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas – os dados foram obtidos de uma pesquisa pioneira que utilizou dados de institutos estaduais como o agronômico (Iapar) e o tecnológico (Simepar).

"Há uma tendência de alteração no clima, com indicações de que as noites estão se tornando mais quentes no Paraná", ressalta o pesquisador Paulo Caramori. A situação é agravada pela combinação de dois fatores: a maior emissão de gases estufa, principalmente o CO2, e a redução drástica da cobertura vegetal do estado, que era de quase 65% em 1930 e hoje representa menos de 7%. "Isso interfere no balanço hídrico, energético e no potencial agrícola da região", assegura o pesquisador.

A lógica é simples: sem as árvores, a chuva cai diretamente no solo, o que provoca sua degradação e erosão. A cobertura verde também amortece a radiação do sol. Sem ela, os raios atingem o solo diretamente, o que faz com que suas temperaturas ultrapassem 50ºC nos verões, degradando a matéria orgânica presente, o que, por sua vez, emite mais CO2. O diretor do Simepar, Eduardo Alvim Leite, ressalta que condições como essas contribuem para mais desastres naturais. "Precisamos tomar medidas já, não se pode mais esperar", afirmou.

Simulações

A pesquisa também contém projeções baseadas nas realizadas pelo Painel In­ter­go­vernamental sobre Mu­danças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) para simular o que um aumento de temperatura faria com o Paraná até 2100. Foram analisados dois quadros, um com um aumento de 1,8ºC e outro de 4ºC. Entre as consequências, estão a extinção de florestas temperadas, incluindo a da árvore-símbolo do estado, a araucária; o aumento do risco de incêndio florestal em até 50% e a necessidade de deslocar áreas de cultivo. "Se não houver investimento em pesquisas que viabilizem a adoção de um sistema mais sustentável, a situação ficará complicada", comenta Caramori.

O secretário do Meio Am­biente e presidente do Fórum Paranaense de Mudanças Cli­máticas, Luiz Eduardo Cheida, diz que o governo está preocupado. "É importante garantirmos que o Paraná exista para sempre, não apenas até a próxima safra", disse.

Temperaturas estão oscilando, diz pesquisador

Da Redação

Há 350 milhões de anos o planeta Terra enfrentava mudanças climáticas semelhantes às vividas atualmente, disse ontem o pesquisador alemão Ulrich Glasmacher, da Universidade de Heidelberg. "Mudanças climáticas não são fenômenos novos na História. Há 350 milhões de anos tivemos os mesmos problemas de hoje. Estamos no mesmo ponto daquela época", explicou durante palestra na 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), evento que segue até a próxima sexta-feira em Recife. As informações são da Agência Brasil.

Segundo o pesquisador, a temperatura do planeta não está aumentando se comparada com outros períodos, mas oscilando. "As temperaturas estão flutuando – sobem e descem – neste momento que vivemos. Mas estamos muito influenciados pela mídia e diretamente pensamos em efeito estufa como causa de aumento."

Glasmacher explica que o efeito estufa é agravado por poluição humana, mas um fenômeno antigo da própria natureza do universo. A energia irradiada pelo sol é modificada ao chegar na atmosfera. As novas moléculas reagem se transformando em gás carbônico, metano e dióxido de nitrogênio – os principais gases que formam o efeito estufa.

"O gás metano tem os efeitos mais catastróficos, mas sobrevive menos tempo na atmosfera. O gás carbônico sobrevive mais, por esse motivo é que ouvimos falar mais a respeito dele", explica.

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