Presente curitibano
Para tentar diminuir a quantidade de embalagens em circulação, a prefeitura estuda uma forma de incentivar o reaproveitamento dos pacotes de presente. A ideia é disseminar um símbolo, o presente curitibano, que seria embalado ou carregado com materiais de presentes anteriores. A ideia não está descartada (ops!), mas depende da realização de uma campanha que pode ser viabilizada no ano que vem.
17 capitais do Brasil já aprovaram leis regulando o uso de sacolas plásticas. Curitiba não está entre elas. Vários projetos foram apresentados na Câmara Municipal, mas foram arquivados, rejeitados ou ainda estão em discussão.
11 países já baniram o uso de sacolas plásticas convencionais. Em vários lugares pelo mundo é preciso pagar para receber a embalagem no supermercado, após as compras.
0,2% do lixo é formado por sacolas plásticas, de acordo com os fabricantes. Hoje, 12 bilhões de unidades são usadas todos os anos no Brasil. Em 2007, eram 17,9 bilhões.
A sacolinha plástica esteve no centro do debate sobre redução de consumo e de lixo, há dois anos, mas passado o ápice das discussões, a embalagem deixou de ser o principal foco das preocupações ambientais. A reflexão sobre a necessidade de uso da sacola fez despencar em 5 bilhões a quantidade de unidades utilizadas anualmente no Brasil. Mesmo com as vendas no comércio crescendo ano a ano, a queda na quantidade de sacolinhas em circulação foi de 27%.
O discussão sobre a utilização da sacola saiu de um campo de radicalismos e passou para um patamar em que são discutidas alternativas ou mesmo situações em que a embalagem plástica é apontada como a melhor opção.
Para a professora Cassia Maria Lie Ugaya, pesquisadora da área de ciclo de vida do produto na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), uma sacolinha de plástico utilizada várias vezes pode chegar a ter o mesmo impacto ambiental da sacola de pano. "Não há resposta simples. A análise depende de vários fatores. Se a sacola será reciclada, por exemplo. Agora, se for jogada fora é um desperdício de recursos", comenta.
Bom senso
Também para a Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba, o uso da sacolinha deve ser estar condicionado à racionalidade. O superintendente Raphael Rolim de Moura reforça que a redução de resíduos, principalmente nas idas ao supermercado e à feira, é incentivada. Contudo, a sacola é útil na separação de rejeitos em casa e facilita a disposição, indo para o lixo que não é lixo.
Se as embalagens plásticas simplesmente deixassem de ser distribuídas pelos supermercados, o comprometimento de renda com transporte de compras e acondicionamento de lixo aumentaria em três vezes, de acordo com levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A despesa seria equivalente ao que uma família gasta com feijão.
No ano passado, a Assembleia Legislativa do Paraná aprovou uma lei que tornava obrigatória a entrega de sacolas oxibiodegradáveis (com componentes que aceleram a decomposição do produto na natureza), mas a proposta foi vetada pelo governador Beto Richa. O veto não chegou a ser votado. O deputado Caíto Quintana (PMDB), autor da proposta, está refazendo o projeto. Já o deputado Reinhold Stephanes Júnior (PMDB) tentou várias vezes proibir os supermercados de entregarem sacolinhas plásticas comuns em todo o Paraná. "A proposta nunca chega a ser votada. Sempre alguém engaveta", diz. Ele afirma que o projeto fica parado em comissões internas da Assembleia, como meio ambiente e comércio. "O lobby de alguns setores para que a iniciativa não ande é muito grande."
Enquanto isso...Veja algumas medidas adotadas pelo país para lidar com a questão da sacolinha:
Em São Paulo: Em uma ação voluntária sem imposição de lei os supermercados de São Paulo decidiram parar de fornecer sacolinhas plásticas, no início do ano passado. Uma liminar da Justiça determinou que a sacolinha voltasse a ser oferecida aos consumidores, sem que eles precisassem pagar R$ 0,19 por unidade. O mérito da questão ainda não foi julgado.
No governo federal: O Ministério do Meio Ambiente montou um grupo de trabalho específico para discutir propostas envolvendo as sacolas plásticas. Ainda não há definições. Vários projetos de lei, que poderiam estabelecer regras para valer no Brasil inteiro, estão em andamento na Câmara Federal e no Senado. Uma audiência pública foi realizada no Congresso Nacional na semana passada para debater o assunto.
Em Belo Horizonte: Com a proibição, Belo Horizonte teria deixado de usar 150 milhões de sacolinhas plásticas comuns em um ano. Um levantamento feito na cidade apontou que a embalagem plástica é hoje a última opção do consumidor, sendo que 95% usam a retornável.
No Rio Grande do Sul: Com uma campanha para promover a reflexão sobre a necessidade de consumo da embalagem e uma lei exigindo que fossem seguidos os padrões de qualidade para as sacolinhas quando são fracas acabam forçando o uso de mais unidades , a quantidade consumida caiu 20%.
Fraudes: O presidente da Plastivida, Miguel Bahiense, alega que muitas empresas, quando forçadas a distribuírem sacolas oxibiodegradáveis estavam usando as embalagens convencionais e apenas estampando os dizeres obrigatórios pela lei. A Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis questiona o uso de sacolas oxibiodegradáveis, alegando que há apenas um fabricante no mundo, tornando o produto caro e inviável.