Gargalos
Faltam preservação e voluntários
Uma breve consulta nas pastas da seção de periódicos mostra que, apesar da tentativa constante, a preservação da documentação está longe da ideal. A divisão por assunto ajuda os pesquisadores, mas a falta de ordem cronológica e alguns jornais danificados dificultam a busca por informações e mostram descaso, não só por parte da Biblioteca Pública do Paraná. "O próprio usuário mistura. Fazemos vistorias nas pastas, mas nem há tempo hábil e o usuário também não avisa quando estraga ou encontra algum documento danificado", diz a chefe da divisão de periódicos, Márcia Gatti.
Empréstimos jamais devolvidos é outro problema da BPP. Em 2008, 1.229 livros não foram devolvidos. Subiu para 1.405 em 2009. "A gente cobra o usuário, telefona, manda carta, e-mail. Mas a maioria não devolve e não está interessada em devolver", diz a chefe da Divisão de Obras Gerais, Sizuko Takemiya.
Se a obra volta danificada, o problema continua. Parte dos usuários repõem o livro estragado. Mas muitos devolvem e não se interessam em doar outra obra. "Às vezes acho que os usuários pensam que, por ser público, eles não precisam cuidar."
A falta de comprometimento de pessoas que querem ser voluntárias na BPP também contribui para a falta de preservação das obras. Com exceção da seção de braile, que comporta cinco voluntários fixos, as pessoas que se apresentam para contribuir não seguem com o trabalho. "Não temos como cobrar e nem controlar o que o voluntário está fazendo aqui. O local é muito amplo, o que acaba tornando difícil até mesmo para nós acolhermos essas pessoas".
Aqui tem de tudo. Tem gente normal, gente estranha, rico, pobre, educado, mal-educado. Gente com boa intenção, outras nem tanto", conta a bibliotecária Maria Salete Perito de Bem, a Kika, sobre a Biblioteca Pública do Paraná (BPP). Além da diversidade dos frequentadores, o lugar também pode ser traduzido em números. São três andares, mais o subsolo, que se organizam em nove divisões, 33 seções, 1.112 títulos em braile, 6 mil discos de vinil, 3 mil visitantes por dia e um acervo de meio milhão de obras. Há ainda os 23 mil livros não-devolvidos desde 1994 e mais de 120 mil livros emprestados em seis meses.Ler os jornais do dia, disputar uma partida da xadrez, ouvir contos na seção infantil, pesquisar em jornais de 1773, estudar ou desfrutar do silêncio para leitura são algumas atividades que a BPP oferece diariamente. Porém, cada vez menos usuários desfrutam de seus atrativos. O número de empréstimos cai a cada ano: de 448 mil em 2003 para 283 mil no ano passado. "Antigamente, tinha fila para atender. Agora, geralmente as visitas são de pré-escola. A escola e a família deveriam incentivar mais. Muitos nem conhecem a biblioteca", diz a chefe da Divisão de Obras Gerais, Sizuko Takemiya.
Apesar do orçamento apertado e quase sempre apenas parcialmente liberado para aquisição de novos livros , Sizuko procura saber a opinião dos usuários antes das compras. Parte da verba deste ano, pleiteada em R$ 60 mil, vai ter de ser destinada para livros sobre vampiros, como Crepúsculo e Lua Nova, de Stephenie Meyere, e afins.
Para ajudar a atualizar o acervo, a BPP recebe cerca de 2 mil obras doadas por mês. O material danificado que chega, com capas ilegíveis, rasgados, páginas soltas e trechos sublinhados, vai direto para o setor de restauração, que funciona no subsolo. Munidos de barbante, cola, bisturi, tesoura, pincéis e até fraldas e sabonete, sete pessoas fazem verdadeiros milagres. Mensalmente, são cerca de 200 obras recuperadas, segundo a chefe da divisão de preservação, Betty Terezinha de Luna.
Na divisão de periódicos, as mesas são tomadas por pesquisadores, graduandos, mestrandos ou doutorandos, que reviram documentos e jornais antigos. O Diário Oficial da União é um dos mais manuseados. "Os idosos procuram muito. Querem conhecer muito bem as leis", diz a chefe dos periódicos, Márcia Gatti.
Raridades
Com 2.765 títulos, a seção de obras raras é bem menos popular, com três visitantes no último mês de junho. Depois de um assalto em 2006, quando mais de cem títulos foram roubados, só o funcionário responsável é autorizado a trazer o livro ao usuário, além de vigiá-lo. "Não percebemos o roubo de imediato. Um dia uma funcionária viu que uma das prateleiras estava totalmente vazia", conta a assessora técnica da BPP, Clarice Haim Taborda. O responsável foi preso, mas as obras nunca foram recuperadas. Para evitar novos roubos, a seção só tem uma tranca a mais na porta. A direção aguarda a chegada de 48 câmeras de vigilância novas, com melhor alcance e em maior número do que as atuais.
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