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Acervo

Meio milhão de livros em três andares

A cada ano há menos usuários da BPP que aproveitam seus atrativos | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
A cada ano há menos usuários da BPP que aproveitam seus atrativos (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Aqui tem de tudo. Tem gente normal, gente estranha, rico, pobre, educado, mal-educado. Gente com boa intenção, outras nem tanto", conta a bibliotecária Maria Salete Perito de Bem, a Kika, sobre a Biblioteca Pública do Paraná (BPP). Além da diversidade dos frequentadores, o lugar também pode ser traduzido em números. São três andares, mais o subsolo, que se organizam em nove divisões, 33 seções, 1.112 títulos em braile, 6 mil discos de vinil, 3 mil visitantes por dia e um acervo de meio milhão de obras. Há ainda os 23 mil livros não-devolvidos desde 1994 e mais de 120 mil livros em­­prestados em seis meses.Ler os jornais do dia, disputar uma partida da xadrez, ouvir contos na seção infantil, pesquisar em jornais de 1773, estudar ou desfrutar do silêncio para leitura são algumas atividades que a BPP oferece diariamente. Porém, cada vez menos usuários desfrutam de seus atrativos. O número de empréstimos cai a cada ano: de 448 mil em 2003 para 283 mil no ano passado. "Antigamente, tinha fila para atender. Agora, geralmente as visitas são de pré-escola. A escola e a família deveriam incentivar mais. Muitos nem conhecem a biblioteca", diz a chefe da Divisão de Obras Gerais, Sizuko Takemiya.

Apesar do orçamento apertado – e quase sempre apenas parcialmente liberado para aquisição de novos livros –, Sizuko procura saber a opinião dos usuários antes das compras. Parte da verba deste ano, pleiteada em R$ 60 mil, vai ter de ser destinada para livros sobre vampiros, como Crepúsculo e Lua Nova, de Stephenie Meyere, e afins.

Para ajudar a atualizar o acervo, a BPP recebe cerca de 2 mil obras doadas por mês. O material danificado que chega, com capas ilegíveis, rasgados, páginas soltas e trechos sublinhados, vai direto para o setor de restauração, que funciona no subsolo. Munidos de barbante, cola, bisturi, tesoura, pincéis e até fraldas e sabonete, sete pessoas fazem verdadeiros milagres. Mensalmente, são cerca de 200 obras recuperadas, segundo a chefe da divisão de preservação, Betty Terezinha de Luna.

Na divisão de periódicos, as mesas são tomadas por pesquisadores, graduandos, mestrandos ou doutorandos, que reviram documentos e jornais antigos. O Diário Oficial da União é um dos mais manuseados. "Os idosos procuram muito. Querem conhecer muito bem as leis", diz a chefe dos periódicos, Márcia Gatti.

Raridades

Com 2.765 títulos, a seção de obras raras é bem menos popular, com três visitantes no último mês de junho. Depois de um assalto em 2006, quando mais de cem títulos foram roubados, só o funcionário responsável é autorizado a trazer o livro ao usuário, além de vigiá-lo. "Não percebemos o roubo de imediato. Um dia uma funcionária viu que uma das prateleiras estava totalmente vazia", conta a assessora técnica da BPP, Clarice Haim Taborda. O responsável foi preso, mas as obras nunca foram recuperadas. Para evitar novos roubos, a seção só tem uma tranca a mais na porta. A direção aguarda a chegada de 48 câmeras de vigilância novas, com melhor alcance e em maior número do que as atuais.

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