A inauguração da Praça Memorial 17 de Julho, ontem, em homenagem às 199 vítimas da explosão do Airbus A-320 da TAM, há cinco anos, foi marcada pela emoção. Assim como no dia do acidente, uma terça-feira, fazia frio e chovia na região do Aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo. Às 18h50, o som de um clarinete tocado pela Polícia Militar ecoou por um minuto, em referência ao momento em que o avião se chocou com o prédio de cargas da própria companhia e explodiu. Foi também quando a tempestade se intensificou no local.
Cerca de 300 familiares e amigos participaram da cerimônia. Na mureta com o nome das vítimas, em volta do espelho dágua, parentes deixavam flores brancas e estrelas com mensagens de carinho e saudade. Na cerimônia foram acesas 199 lâmpadas de LED em formato de estrelas postas no chão. No centro da praça há uma amoreira que resistiu à explosão. Depois da apresentação de um coral, familiares discursaram, reforçando que a praça não é apenas uma homenagem às vítimas, mas "um endereço de alerta sobre a falta de segurança no tráfego aéreo do país".
Projetado de acordo com a vontade dos parentes, o Memorial 17 de Julho tem 8,3 mil metros quadrados e fica na frente da cabeceira da pista de Congonhas. As obras duraram sete meses e custaram R$ 3,6 milhões. O prefeito Gilberto Kassab (PSD) foi à cerimônia. "É um local de homenagem e de alerta. Espero que todas as autoridades que passam por aqui e são responsáveis pela aviação civil coloquem as mãos à obra", disse o prefeito, em referência à melhoria da segurança aérea.
Satisfeitos com a execução do projeto, integrantes da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAM JJ3054 (Afavitam) celebraram a inauguração, mas não sem protestar pela demora na condenação dos culpados. Os responsáveis pela tragédia ainda não foram ouvidos na Justiça. Denunciados pelo Ministério Público Federal há um ano, a então diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, e os ex-diretores da companhia Alberto Fajerman e Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro pleiteiam a absolvição sumária no processo. Os três respondem por "atentado contra a segurança no transporte aéreo". Eles negam participação no acidente.
Por volta das 14 horas, antes da cerimônia oficial, representantes da Afavitam distribuíram panfletos na frente do aeroporto, exigindo maior segurança. Congonhas voltou a operar no limite. Hoje, em média, são 33 pousos e decolagens por hora. O número máximo permitido pela Anac é de 34 na época do acidente, eram 46.