“Hora de dar o troco”: texto na carteira da escola confessa crimes.| Foto: Fotos: Ivan Amorin / Gazeta do Povo

No dia seguinte à chacina, o adolescente dirigiu o carro do avô para chegar ao colégio. No caminho passou por um bar e comentou o que havia feito na noite anterior. Ninguém acreditou. Ao chegar à escola, novamente relatou o múltiplo assassinato. Uma única colega de classe ficou desconfiada da história, mas não comentou com a direção. Esperou a aula terminar e, em casa, detalhou a situação para a mãe, que, imediatamente, ligou para a escola.

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Após deixar as palavras de ódio na carteira em que estudava, segundo a polícia, o adolescente vagou pelas ruas de Marilândia do Sul, foi até a igreja e por lá tomou um copo de água. No caminho chegou a cruzar com um carro da PM e ao avistar o cabo Luiz Fernando, da Patrulha Escolar, desviou o olhar. “Ele sempre me cumprimentava e naquele dia foi diferente. Ao saber dos crimes, antes mesmo de irmos até o sítio, voltamos e o apreendemos no ponto de ônibus. Ele não resistiu e confessou tudo.”

Distúrbio mental precedeu tragédia

Adolescente de 16 anos, suspeito de assassinar a família no Paraná, havia sido acusado de tentar envenenar o poço artesiano da cidade

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Na mochila do garoto, os policiais encontraram um revólver calibre 32, que pertencia ao avô. À polícia, durante depoimento, ele disse que não pretendia ferir ninguém na escola já que “professores e funcionários fazem somente o serviço deles e os alunos não o aborreciam”.

Sobre o motivo das mortes, disse à polícia que ficou irritado com a prima por causa de um tablet. A avó teria interferido e ele atacou os primos e os avós que o criaram desde bebê. O pai e a mãe moram em outras cidades.

O adolescente, que afirmou ter parado de tomar os remédios por vários dias, está internado no Hospital Psiquiátrico de Maringá. Segundo o delegado Marcus Rocha Rodrigues, que cuida do caso, comprovada a doença mental não cabe um processo ressocializador. É de responsabilidade da Justiça, portanto, aplicar medidas que garantam o tratamento psiquiátrico e psicopedagógico do suspeito.

Para a psicóloga Monica Prado de Castro, a acusação do envenenamento pode ter desencadeado uma ruptura com a realidade. “Qualquer pessoa ao ser confrontada a respeito de algo precisa de condição emocional para lidar com o assunto. Dentro do distúrbio, os laços que prendem à realidade são muito frágeis.”

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