A polícia investiga se um disparo que matou o menino Rodrigo Messias de Oliveira, 11 anos, na quarta-feira, foi proposital ou resultado de uma bala perdida – Rodrigo foi alvejado na cabeça na frente de casa, na Vila Reno, no bairro Uberaba, em Curitiba. Ele estava sentado no muro de sua residência enquanto seu pai, Nivaldo Messias de Oliveira, colocava o carro da família na garagem. "Quando saí do carro para chamá-lo, ouvi o disparo. Corri, mas o tiro já tinha acertado a cabeça dele", relata Oliveira. O menino foi encaminhado ao hospital Cajuru, mas, na noite de quarta-feira, não resistiu ao ferimento e morreu. "É um sofrimento sem palavras. Ele era nossa vida, agora estamos perdidos", desabafa o pai.

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Em 1994, a família veio de São João do Ivaí em busca de melhores condições de vida. Oliveira arrumou um emprego na capital como marmorista e sua mulher cuidava da casa e de Rodrigo, que era filho único e cursava a 5.ª série no Colégio Estadual Anibal Cury Netto. "Ele era um menino obediente, extrovertido, conversava com todo mundo aqui. Respeitava todos, os coleguinhas, os adultos, os idosos. Ele tinha muitos amiguinhos", conta Oliveira.

De acordo com o pai, a rotina das crianças das redondezas, que brincavam com freqüência na rua, irritava alguns moradores. "Eu cheguei a discutir com um vizinho e ele ameaçou meu filho, mas não posso acusar ninguém", diz Oliveira. "Só quero saber de que lado entrou a bala que matou meu filho. Se veio da esquerda pode mesmo ter sido bala perdida, mas se veio da direita foi alguém que disparou por querer", acredita o pai. Segundo ele, à direita da residência da família existem duas casas muito altas, o que impossibilitaria a passagem de balas perdidas.

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O delegado Adonai Armstrong, da Delegacia de Homicídios de Curitiba, diz que o caso vai ser investigado, mas confirma que houve mesmo um tiroteio perto da linha do trem naquela região. "É um lugar violento, mas ainda é cedo pra afirmar algo", diz o delegado. "A polícia só vem aqui quando morre alguém. Tiroteio é normal", reforça Oliveira.

O corpo de Rodrigo foi velado na casa da própria família e o enterro ocorre nesta sexta-feira, às 11 horas, no Cemitério do Bonfim, em São José dos Pinhais. "Agora vamos voltar para o interior. Lá a gente não ganha o dinheiro que ganha aqui, mas a vida é mais fácil, não tem tanta violência", revela o pai.