Um menino de seis anos morreu ontem, três dias depois de ser espancado por outras duas crianças, em Maceió (AL). A agressão foi testemunhada por vizinhos, segundo o Conselho Tutelar, que apura o caso.
Josival dos Santos Nascimento recebeu atendimento em duas unidades de saúde da capital alagoana, mas não resistiu. O IML (Instituto Médico Legal) informou que o laudo definitivo sobre a causa da morte do menino será divulgado nos próximos dez dias.
A morte do garoto chocou a população de Maceió --que, segundo a ONU, é a cidade mais violenta do Brasil.
O caso está sendo apurado pelo Conselho Tutelar da Região 1 da capital alagoana. De acordo com a presidente do conselho, Severina Ferreira, os garotos apontados como responsáveis pelo crime têm oito e dez anos de idade e são irmãos. Eles eram vizinhos da vítima no bairro Emater, periferia de Maceió.
Testemunhas que presenciaram a agressão, na última sexta-feira, disseram ao conselho que a confusão começou quando a vítima chutou na rua uma bola de gude dos dois vizinhos.
"O menino de dez anos segurou Josival e o de oito passou a esmurrar o abdômen da vítima", afirmou Ferreira.
Segundo a conselheira, Josival foi solto pelos agressores e, no dia seguinte, reclamou de dores abdominais e mencionou a agressão à mãe.
O conselho diz que ela levou o filho a um posto de saúde e, quando o quadro de saúde dele piorou, ele foi encaminhado para o Hospital Geral, onde morreu.
"A mãe em nenhum momento informou aos médicos que o filho havia sido espancado, com golpes sucessivos na barriga. Isso será apurado na nossa investigação", disse a conselheira. Os pais, segundo ela, estavam trabalhando no momento da agressão. Eles são catadores de lixo.
Os irmãos suspeitos do crime foram retirados de casa pelos pais, que temem represálias, segundo Ferreira.
A Polícia Civil não investigará o crime porque os suspeitos de praticar a agressão são crianças, e, contra elas, não se pode imputar responsabilidade criminal.
O Conselho Tutelar fará um relatório do caso, que será encaminhado à Promotoria da Infância e Juventude de Maceió. Se for comprovado que as duas crianças tiveram envolvimento com o crime, elas poderão ser encaminhadas a uma instituição para menores.