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Moradores da invasão das Torres, ao lado da invasão Portelinha, no bairro Santa Quitéria, em Curitiba, passaram por momentos de pânico, no começo da noite de terça-feira (11). Um menino de 8 anos ficou gravemente ferido no incêndio na moradia, de três cômodos, em que morava com os pais e dois irmãos, de 6 e 10 anos. Ele foi socorrido pelos vizinhos, que o levaram ao Hospital do Trabalhador. Pouco tempo depois de chegar à instituição de saúde, o garoto não resistiu e faleceu, conforme informações repassadas pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).

O fogo começou, de acordo com os moradores, depois que uma das crianças, que ficaram sozinhas em casa, enquanto a mãe estava no salão de beleza e o padrasto trabalhava, teria acendido o fogo para esquentar comida. "Não sabemos como, mas as chamas tomaram conta da casa muito rapidamente. Os dois meninos conseguiram correr para fora, mas o outro não", disse Odilon Marques, de 35 anos, vizinho da família.

O garoto se escondeu no banheiro, a única parte da moradia que era de alvenaria, mas o fogo estava forte. Os moradores tiveram de apagá-lo com baldes e mangueira, do único registro de água disponível. "Chamamos os bombeiros e eles demoraram mais de uma hora para chegar. A forma que encontramos foi quebrar a parede do banheiro e retirar o menino de lá", contou Odilon.

A criança foi resgatada por José Bartolomeu Peridiardi, 37 anos. "Tínhamos duas opções, esperávamos os bombeiros chegarem e deixávamos o menino morrer ou nos arriscaríamos tirando-o de lá e foi o que fizemos", disse. Ele e outro rapaz encaminharam a vítima para o Hospital do Trabalhador. Os bombeiros, apedrejados pelos moradores quando chegaram, não se pronunciaram sobre a suposta demora.

Desabrigados

A mãe correu do salão de beleza para o hospital com o garoto. O padrasto chegou do trabalho e ficou em estado de choque. Todos ficaram apenas com as roupas do corpo.

Segundo a avó das crianças, Helena Gonçalves dos Santos, a principal preocupação é que os pequenos não têm mais nem material escolar. "Precisamos de qualquer doação. Roupa, comida, móveis, qualquer coisa, porque eles vão ter que recomeçar do zero e os pequenos vão sofrer muito com tudo isso", lamentou.

Apelo

Os moradores aproveitaram a presença de jornalistas para pedir atenção da prefeitura. Segundo eles, estão na área de invasão porque precisam e fariam questão de pagar uma casa própria se fosse possível.

"Não estamos nos recusando a pagar nem a casa da Cohab, muito menos luz e água. Tudo que sonhamos é exatamente isso, ter um lugar digno para morar, mas o fato é que não temos para onde ir se não for aqui e a prefeitura, que sabe da nossa situação, nos vira as costas", disse Odilon.

Segundo os moradores, em 90 famílias na invasão das Torres e mais 90 na invasão da Portelinha, há ação de reintegração de posse que por pouco não foi cumprida em outubro. "Batemos o pé e conseguimos uma liminar, porque realmente não temos para onde ir. Para vir aqui para tirar foto das casas para dar entrada na reintegração tem gente, mas para nos ajudar, não aparece ninguém", disse o morador.

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