Um menino de dois anos, um copo de cerveja e uma foto publicada no Facebook. No desfecho dessa combinação que gerou polêmica em Sarandi, no Noroeste do Paraná, os pais perderam provisoriamente a guarda da criança, que foi encaminhada para o abrigo do Conselho Tutelar na tarde desta terça-feira (11).
Denunciados pelo Conselho Tutelar, o pai, a mãe e sua ex-companheira a autora da postagem foram interrogados na Delegacia de Polícia Civil de Sarandi e liberados em seguida.
De acordo com o delegado de Sarandi, Reginaldo Caetano da Silva, eles serão indiciados pelo artigo 243 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e podem ser condenados de um a quatro anos de reclusão por oferecem "produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida".
Em depoimento, a ex-companheira da mãe do menino, que publicou a foto em seu perfil pessoal com a legenda "Desde pekeno aprendendo oq eh bom da vida kkkk (sic)", defendeu-se, dizendo que um hacker invadiu sua página e publicou a imagem. A mãe alegou que alguém tirou a foto e enviou para um hacker.
O pai da criança, que comentou na foto "puxou o pai né filhão kkk (sic)", negou que o filho bebia cerveja, e supôs que a bebida que o garoto aparece ingerindo na imagem pudesse ser refrigerante, ignorando o fato de uma garrafa de cerveja estar sobre o suporte para mamadeira do carrinho em que o garoto estava sentado. "O depoimento deles não tem o menor fundamento. Foi um fato reprovável, que constitui crime. Além de oferecer álcool para criança, ainda expôs a imagem dela. Espero que sirva de exemplo para pessoas irresponsáveis como eles", comentou o delegado. Segundo Silva, a polícia deve concluir o inquérito em 30 dias.
Segundo a conselheira tutelar Edna Klip, a medida de proteção do menor aplicada pelo Conselho Tutelar é válida por até 24 horas após o acolhimento da criança, por isso, até às 16 horas desta quarta-feira (12), o caso será encaminhado à Promotoria da Vara da Infância e Juventude, que deverá definir se o menino permanecerá no abrigo ou ficará sob a guarda de algum familiar até a conclusão do julgamento.
"É um caso gravíssimo. O pai reconheceu a paternidade do menino recentemente, mas não tem nenhum vínculo com a mãe e não contribui em nada para a criação dele. Em seguida a mãe do menino se envolveu com essa mulher [que postou a foto]. Já está provado que a criança vivia em uma situação de vulnerabilidade, em um lar de conflitos, e a mãe deixava a criança com qualquer um", concluiu a conselheira.
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