"Ele estudava bastante, era um bom menino, um garoto esperto, cheio de vida. Adorava futebol e treinava numa escolinha que os pais dele pagavam com sacrifício. O sonho dele era ser jogador de futebol. E o sonho acabou com tiros disparados a torto e a direito". As palavras ditas por Francisca Magalhães Iriguti, avó de Elvis Henrique Iriguti, 12 anos, morto por uma bala perdida, em pleno Dia das Mães, no Parolin, em Curitiba, emocionaram as pessoas que a escutavam, em sua residência, logo após o sepultamento. A avó mora próximo à casa da família de Elvis.
O garoto foi morto quando saia de casa para comprar remédio para o pai em uma farmácia perto de casa. Ele foi atingido no peito, correu por aproximadamente 40 metros, tentou voltar para casa e caiu perto da esquina das ruas Professor Porthos Velozo e Brigadeiro Franco, no Parolim. "Ele foi encontrado com uma mãozinha no peito e a outra segurando dinheiro e a receita dos remédios para o pai", completou o avô, Tomatsu Iriguti.
O velório ocorreu ontem pela manhã na casa onde Elvis morava. Um cartaz feito por uma amiga de escola externou todo o sentimento de dor de familiares e amigos. "Hoje é um dia de tristeza para o mundo, pois você nos deixou e nem ao menos se despediu. Hoje as flores choram, o sol desaparece e lágrimas caem do céu...", dizia um trecho do cartaz, que exibia a foto do garoto. O corpo do menino foi sepultado no início da tarde no Cemitério Jardim da Saudade.
Brigas entre gangues e o tráfico de drogas são as principais reclamações dos moradores do bairro. "Isso não pode acontecer, somos pessoas de bem. Não temos como viver assim. A violência está demais", disse o morador. De acordo com outras pessoas que não se identificaram, os disparos foram dados por um adolescente de 14 anos.
No dia 1.° de maio, outro menino foi assassinato com um tiro. David Fernando Leal, 10 anos, levou um tiro na nuca na Vila Jurema, em São José dos Pinhais, região metropolitana. Segundo investigações, o menino havia sido confundido com um adolescente infrator, conhecido por Beiço e que cometia delitos na área de atuação de uma gangue de traficantes.