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Infância

Menino que teve agulhas retiradas do corpo deve ter alta da UTI

Salvador - Os médicos do Hospital Ana Neri, de Salvador, esperam que o menino de 2 anos e 7 meses perfurado com 31 agulhas tenha alta hoje da Uni­dade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica. A criança foi submetida à terceira cirurgia para a retirada de agulhas – quatro, desta vez, nas áreas do pescoço e do ombro es­­querdo – na segunda-feira e mostrou sinais de rápida re­­cuperação.

Na manhã de ontem, o menino foi submetido a testes físicos e a uma tomografia, que constataram que ele está com boa saúde, respira e se alimenta sem auxílio e não corre mais risco de morte. Segundo as projeções, a criança deve ter alta hospitalar em até 15 dias.

Nove agulhas ainda estão em seu corpo, mas, segundo a equipe médica, não oferecem risco à saúde do menino, nem precisam ser retiradas com urgência. As cirurgias para a remoção desses objetos também seriam menos invasivas. "São procedimentos que podem ser realizados em unidades (de saúde) menores", avalia o diretor do hospital, Francisco Reis.

Apesar disso, Reis afirma que a saúde da criança precisará passar por constante monitoramento durante pelo menos cinco anos. "Uma das agulhas feriu uma válvula do coração, chamada mi­­tral", explica. "Conserta­mos a válvula, mas temos de acom­­panhar a evolução do quadro a cada seis meses, por meio de ecocardiograma, para monitorar se o coração está funcionando corretamente", acrescenta.

Inquérito

Em Ibotirama (a 668 quilômetros de Salvador), o delegado Hélder Fernandes Santana encaminhou à Justiça, na tarde de ontem, o inquérito policial sobre o caso. No documento, o padrasto da criança, o auxiliar de serviços gerais Roberto Carlos Magalhães, de 30 anos, e sua suposta amante, Angelina Ribeiro dos San­tos, foram indiciados por tentativa de homicídio qualificado – pena prevista de 4 a 20 anos de reclusão.

Magalhães e Angelina cumprem prisão preventiva autorizada pela Justiça. Angelina está na carceragem da Delegacia de Ibotirama e Magalhães, em uma cidade da região – que a polícia não revela por causa das ameaças de linchamento que o acusado vem sofrendo da população de seu município.

O padrasto do menino confessou o crime e, em depoimento, incriminou Angelina. Inicialmente, ele também havia citado a participação da mãe de santo Maria dos Anjos Nascimento, conhecida na cidade como Bia, mas voltou atrás na acusação. Bia foi liberada da prisão temporária na sexta-feira.

De acordo com o delegado, não há dúvidas sobre a participação do homem no crime. "Ele voltou a dizer que tinha a intenção de matar a criança, por causa das brigas que tinha com a mãe dela (a trabalhadora doméstica Maria Souza Santos)", conta. Sobre a participação de Angelina no crime, Santana admite não ter conseguido reunir provas, nem depoimentos que a incriminassem.

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