Embora o número de acidentes de trânsito nas ruas e estradas do Paraná tenha diminuído de 2009 para 2010, o total de mortos e feridos aumentou no mesmo período. Enquanto foi registrada queda de quase 10 mil casos na quantidade de acidentes, houve acréscimo de cerca de 2,5 mil pessoas feridas. Já o total de mortos aumentou 15% foram 1.560 mortes no trânsito em 2010; 204 a mais que no ano passado. Os dados são do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), referentes ao período de janeiro a outubro dos dois anos.
Esse quadro apresenta algumas alterações nas principais cidades do Paraná. Em Curitiba, os acidentes cresceram 28%, enquanto as mortes tiveram salto de 48%. Já em Londrina, no Norte do estado, os acidentes com feridos caíram 26% e o número de acidentes teve um pequeno aumento. Por outro lado, em Cascavel, na Região Oeste, o número de acidentes se manteve praticamente estável e as mortes caíram 54%.
Para as autoridades de trânsito, a explicação do crescimento de mortos e feridos em relação à queda de acidentes está no grande aumento da frota de motocicletas, que representam quase um terço do total de 2,9 milhões de veículos em todo o Paraná. Em apenas um ano, de outubro de 2009 a outubro de 2010, o número de motos que saíram das concessionárias cresceu 7,4%.
De acordo com o diretor do Serviço de Urgência e Emergência de Curitiba, Matheus Chomatas, a moto, principalmente quando usada para o trabalho, precisa ser conduzida com cuidado. "Em um dia de chuva como hoje [ontem], para um motociclista frear e escorregar para de baixo de um expresso é a coisa mais fácil. É preciso muita prudência", explica.
Segundo o coronel Leomir Mattos de Souza, comandante do Batalhão de Policiamento de Trânsito de Curitiba (BPtran), na medida em que a frota de motocicletas cresce, o número de mortes nas ruas das cidades e nas estradas também aumenta. "É grande o número de acidentes envolvendo motociclistas. As nossas estatísticas apontam para uma ligação entre as mortes no trânsito, com o uso irresponsável das motos. Além disso, existe o abuso da velocidade e o consumo da bebida alcoólica", afirma.
Para o inspetor Gilson Cortiano, chefe de policiamento e fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Paraná, uma boa parte das mortes e acidentes nas estradas envolve um pedestre ou um motociclista. "Falta infraestrutura para os pedestres nas rodovias. Não tem passarelas, semáforos, contribuindo para o acréscimo no número de mortes. O transporte em duas rodas também é preocupante. Os ocupantes dos carros ainda têm alguma proteção, o motociclista não", diz.
Além das motos, outro fator de risco, segundo Chomatas, é a idade da frota. "Quase 25% dos carros que estão rondando nas estradas e nas ruas das cidades têm mais de 10 anos, o que aumenta o risco", conclui.
Segundo a professora de Psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Alessandra Bianchi especialista em trânsito, a queda do número de acidentes e o aumento do número de mortes é um reflexo do comportamento mais agressivo dos motoristas. "Os carros estão mais modernos e os motoristas mais confiantes. Hoje os motoristas arriscam o que eles não arriscariam há 10 ou 15 anos. Hoje não existe mais aquilo de se acidentar e ligar para o seguro. Atualmente é vida ou morte", defende.
Acidentes
Na opinião das autoridades, a queda do número de acidentes tem três explicações: educação, fiscalização e conscientização dos motoristas. "Nós percebemos que os motoristas estão mais conscientes do que antigamente. É claro que ainda existem problemas como a imprudência e as atitudes de risco, mas a situação está melhorando", afirma o comandante do BPtran, coronel Mattos.
Para o inspetor Cortiano, da PRF, a fiscalização também é importante. "O trabalho de fiscalização, aliado com o de educação, não pode parar. Eles interferem diretamente no trânsito. Mas não podemos fazer tudo. É importante que o motorista se conscientize dos seus atos", diz.