Campo Grande O nome do senador Delcídio Amaral (PT-MS) também consta do livro-caixa que o Ministério Público (MP) do Mato Grosso do Sul rotulou de "Mensalão do Zeca do PT", governador do estado de 1999 a 2006. Ao lado do nome do senador há uma anotação: R$ 25 mil. A informação foi divulgada pela força-tarefa que investiga o esquema de corrupção nos dois governos do petista.
Delcídio considerou muito estranho o fato de seu nome figurar na relação. "É sabidamente conhecida minha divergência com Zeca. Vou tomar as providências jurídicas cabíveis, eu quero olhar o original (do livro). Não tenha dúvida de que vou para cima, não brinco em serviço".
Mais quatro deputados, dois estaduais e dois federais do PT de Mato Grosso do Sul, além de um ex-deputado da mesma legenda, aparecem no livro-caixa. Um dos deputados federais citados é Vander Loubet, sobrinho do ex-governador e integrante da Comissão de Educação da Câmara.
O outro é Antônio Carlos Biffi, titular da mesma comissão e ex-vice-líder do PT na Casa. As anotações analisadas pelo MP indicam que entre agosto de 2004 e março de 2005, Loubet e Biffi teriam recebido R$ 25 mil mensais cada um.
De acordo com as investigações do MP, João Grandão, ex-deputado do PT, teria ficado com R$ 100 mil. Ele já é acusado pela Procuradoria da República por envolvimento com a Máfia dos Sanguessugas.
Os promotores presumem que o dinheiro do "Mensalão de Zeca" teria origem em desvios na área de publicidade e o rombo pode ter atingido R$ 30 milhões. As investigações indicam que o governo contratava as agências, que nem sequer realizavam os serviços. A contabilidade era feita com notas fiscais frias. Uma gráfica, a Sergrapf, cobrava entre 12% e 17% do valor de nota. Desse montante, 15% ficava com a agência e o restante voltava ao governo para a distribuição.
Procurado pela reportagem para comentar o assunto, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, informou por meio de sua assessoria de imprensa que não gostaria de se pronunciar sobre o tema. Segundo a assessoria de Paulo Bernardo, ele teria declarado não saber realmente o que está acontecendo em Mato Grosso do Sul, mas que de qualquer maneira, o tema não lhe diz respeito.
Paulo Bernardo e sua mulher, Gleisi Hoffman, foram secretários do primeiro ano do governo de Zeca do PT. De 1999 a 2000, Bernardo assumiu a pasta da Secretaria da Fazenda e Gleisi a de Gestão Financeira e de Reestruturação e Ajuste do Governo. Vale ressaltar que, o período em que o casal esteve no governo de Zeca do PT não corresponde aos anos alvo de investigação da Justiça. A reportagem também tentou entrar em contato com Gleisi, mas ela está fora da cidade.