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Pais de estudantes do ensino privado do Paraná devem ter despesas de 6 a 8% maiores com as mensalidades escolares que serão pagas em 2006. A informação é do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe), que repassou essa variação como orientação de aumento para as 1,8 mil escolas filiadas – do ensino infantil ao superior – em todo o estado. Segundo o Sinepe, o reajuste servirá para repor a inflação (projetada para fechar o ano em torno de 5%) e para cobrir aumentos com gastos no ano que vem, já que o valor das mensalidades é fixo.

"Fazemos uma projeção baseada na média dos índices de preços, mas não é uma regra que valha para todas as escolas", explica o presidente do Sinepe, José Manoel de Macedo Caron Júnior. No Grupo Positivo, que abrange do ensino infantil à universidade, as mensalidades vão ficar 6% mais altas no ano que vem, para reposição da inflação. "Algumas despesas administradas pelo governo, como luz e telefone, devem ter aumento maior, mas não repassamos para a mensalidade, fazemos uma reengenharia interna para otimizar gastos", explica o superintendente de ensino de educação básica do grupo, Renato Ribas Vaz.

Nem todos seguem a orientação do sindicato. O grupo Bom Jesus, que em Curitiba tem seis unidades, aplicou um reajuste de 8 a 11% nas mensalidades de 2006. De acordo com a assessoria de imprensa do colégio, o aumento varia conforme a unidade e a série, seguindo os custos de cada uma delas. Já no Colégio Expoente, nem todas as séries terão aumento. No ensino médio e na educação infantil as mensalidades ficarão congeladas e no ensino fundamental o reajuste será de 6%. "É uma estratégia de captação de alunos, porque a competição é grande", justifica o diretor geral do Expoente, Armindo Angerer.

Um comparativo feito pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que nos últimos cinco anos o aumento de mensalidades escolares esteve bem acima da inflação. De janeiro de 2000 a outubro de 2005, segundo o Dieese, a inflação foi de 58%, enquanto as mensalidades para o ensino fundamental subiram 74%. "Com isso, as famílias despendem uma parcela cada vez maior de seu rendimento em educação", diz o economista do Dieese, Sandro Dias. Ele explica que apesar deste ter sido um ano de negociações salariais com ganho real (aumento salarial além da reposição da inflação), o reajuste das mensalidades supera o aumento da renda em 2005. "A maioria das categorias teve menos de 1% de ganho real", informa.

Para o economista Mauro Halfeld, da Universidade Federal do Paraná, o aumento da procura da classe média pelo ensino particular facilita aumentos de mensalidade acima da inflação. "No passado, as escolas públicas atendiam a classe média, mas o declínio na qualidade de ensino tem obrigado cada vez mais gente a partir para o ensino particular", diz ele. A saída para os pais, avalia Halfeld, é procurar escolas boas, sem que sejam renomadas. "A família deve procurar qualidade, não grife. Há escolas emergentes que oferecem preços melhores. A educação é um investimento de alto retorno, não é um gasto a ser cortado".

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