Ponta Grossa A crise na oferta de UTIs não se limita ao fechamento das unidades existentes. Há casos em que os recursos públicos foram destinados, mas o serviço nunca foi oferecido à população. Em Ponta Grossa, por exemplo, o MP investiga o repasse de dinheiro federal para a implantação de uma UTI pediátrica no Hospital da Criança. Segundo informações da 3.ª Regional de Saúde, a prefeitura adquiriu equipamentos para seis leitos de UTI em 1995, ao custo de R$ 354 mil, em valores da época. Mas a unidade nunca funcionou.
Separada por divisórias de compensado, a sala onde deveria estar a UTI serve hoje ao setor administrativo do hospital. O centro cirúrgico virou almoxarifado, onde vários dos equipamentos hospitalares que deveriam estar na UTI se amontoam. Mas a placa, em granito, inaugurando a UTI está lá, na parede. Três gestões municipais se passaram e o problema ainda não foi resolvido.
Levantamento preliminar, feito pela prefeitura em 2001, aponta que a UTI pediátrica não estava em condições de uso. Faltavam equipamentos e uma reforma no ambiente, além da contratação de pessoal especializado. O mesmo discurso é o da atual administração, que ainda lembra que os aparelhos são insuficientes e precisam de manutenção antes de serem postos em uso. Segundo o secretário municipal de Saúde, Alberto Olavo de Carvalho, apesar de existirem os aparelhos e, eventualmente, o espaço disponível, é preciso também estrutura física, técnica e de recursos humanos.
Após anos de abandono, a esperança de ver a UTI pediátrica funcionando deposita-se na reestruturação do Hospital da Criança. Em dezembro, faz dois anos que foi assinado um convênio entre prefeitura e governo estadual para a realização de reforma e ampliação. Um ano depois, projeto e processo licitatórios concluídos, as obras começaram. Porém foram interrompidas no final de 2004. Um novo projeto foi desenvolvido e está novamente em licitação. Devem ser investidos R$ 1,5 milhão nas obras.
Absurdo
O promotor Fuad Faraj pretende encaminhar cópias dos documentos coletados para a Procuradoria da República, já que o caso envolve recursos federais. "É um absurdo ver o dinheiro público mal aplicado e pensar nas vidas humanas que poderiam ser salvas", critica. A região dos Campos Gerais não conta com nenhum leito de UTI pediátrica.
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