Os bairros do Leblon e de Ipanema estão repletos de moradores que não pagam IPTU. São mendigos que fazem da praia e das calçadas do bairro suas moradias. Durante a madrugada desta quarta-feira, uma equipe do Globo percorreu as ruas da região e se deparou com mais de 15 mendigos nos dois bairros. Há menos de uma semana, no entanto, a Secretaria municipal de Assistência Social esteve nos dois bairros e realizou uma operação de recolhimento.
Nesta madrugada, a Avenida Ataulfo de Paiva é uma das que apresentava a maior concentração de moradores de rua, que foram flagrados dormindo embaixo de marquises de lojas. Segundo seguranças que trabalham na região, eles ocupam esse tipo de local porque, em frente aos prédios residenciais, os porteiros não deixam que eles fiquem.
Na Rua Barão da Torre, em frente à Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, um homem dormia dentro de um saco de lixo, na entrada de uma casa de eventos. Em um outro ponto, um adolescente usava dois papelões para se proteger do frio.
Na praia, entre os postos 8 e 9, as camas improvisadas também estavam montadas. Um homem dormia na areia, e outro, encolhido embaixo de um fraldário.
Na Rua Aristides Espínola, no Leblon, uma moradora de rua remexia todo o lixo, deixando a sujeita espalhada pela calçada. A cena não é incomum. No início das madrugadas, funcionários de restaurantes e dos prédios colocam o lixo nas calçadas para que a Comlurb faça a coleta. Mas, antes de os trabalhadores da concessionária chegarem, mendigos costumam vasculhar os sacos à procura de comida e objetos que possam ser útil.
Para o turista americano Chris Smith, de 30 anos, que passa férias no Rio de Janeiro, a presença de mendigos dormindo pelas ruas causa desconforto. O americano contou que na Rua Farme de Amoedo, em Ipanema, encontrou um homem dormindo sentado em uma cadeira e com o corpo todo coberto por um lençol: "Ver pessoas dormindo nas ruas é triste, visualmente feio, mas em geral não causa medo. Só que o homem embaixo do lençol me deixou apreensivo. Não sabia se ele estava dormindo de verdade ou se estava com alguma faca ou arma. Não tinha como ver", contou o turista.