Os uruguaios Isidoro Rozenblum Trosman, 65 anos, e Rolando Rozenblum Elpern, que juntamente com outras oito pessoas haviam sido presos há um ano, dentro da operação Pôr-do-Sol, da Polícia Federal, fugiram na madrugada de segunda-feira, do Hospital Santa Cruz, no bairro Batel, em Curitiba. Pai e filho estavam fazendo tratamento de saúde no hospital e escaparam mesmo estando com escolta policial.
Os dois, que controlavam direta ou indiretamente a fabricante de bicicletas e motocicletas Sundown, o Shopping Müller em Joinville (SC), a construtora Casa Construção e a distribuição de artigos para viagem e malas Ika, foram presos acusados de sonegação fiscal da ordem de R$ 150 milhões. Pai e filho foram condenados pela Justiça Federal do Paraná por crime de corrupção ativa. Rolando foi condenado a 10 anos de reclusão e Izidoro a 5 anos.
Rolando e Isidoro estavam internados no Hospital Santa Cruz. Antes da prisão, os dois passaram por cirurgias bariátricas (redução de estômago) e na cela do Complexo Médico Penal em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, tiveram problemas. A primeira internação no Santa Cruz aconteceu no dia 4 de fevereiro de 2007 e a última no dia 10 de maio deste ano, quando os dois chegaram desnutridos. Eles corriam risco de morte. Rolando inclusive teve de passar por uma cirurgia de emergência e o pai apresentou quadro de isquemia cardíaca.
A fuga ainda é um mistério. Os dois estavam no quarto 203, no 2.º andar do hospital, que era vigiado 24 horas por dois policiais militares. Um funcionário do hospital que pediu para não ser identificado contou à reportagem que na suíte havia uma janela. A hipótese de ela ter sido usada na fuga cai por terra quando o funcionário relata detalhes do local: "Era muito alto. Precisaria de uma escada. Mesmo assim, a janela dava acesso ao pátio do hospital, não ao lado de fora", conta. Além disso tudo, ele diz que Isidoro estava com a saúde debilitada.
Isidoro foi flagrado pelas câmeras do circuito interno de segurança do Hospital Santa Cruz saindo a pé, sozinho, pela porta do Pronto Socorro (PS), na Avenida Batel. Não há informações sobre como o filho, Rolando, teria escapado. As imagens da câmera foram requeridas pela Polícia Militar e pela PF. Os policiais que faziam a escolta dos uruguaios foram presos pela PM, que agora vai apurar a possível responsabilidade na fuga. A assessoria da PM não informou os nomes dos policiais.
Uma outra pessoa que trabalha no hospital, e também pediu para não ter o nome revelado, disse que eles não tinham a intenção de fugir. "Se quisessem, poderiam ter fugido em fevereiro na primeira internação ou no período em que ficaram em prisão domiciliar, quando não tinha escolta da PM", contou. "Acho que eles fugiram porque ficaram com medo de ter de voltar para a prisão", completa.
Numa conversa com este funcionário, Isidoro teria falado que para resolver o processo, ele entregaria o Shopping Mueller de Joinville como garantia para o pagamento de toda a dívida fiscal. Um amigo da família disse à reportagem que o valor dos bens apreendidos pela PF é superior à dívida dos Rozenblum com a Receita Federal.
A 2.ª Vara Criminal Federal de Curitiba já expediu um pedido de prisão contra os uruguaios. Entretanto, um agente da PF, que preferiu não se identificar, falou que os dois já devem estar fora do Brasil. O advogado de Rolando e Isidoro, Antônio Acir Breda, foi procurado pela reportagem, mas não respondeu aos telefonemas.
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