Segundo o Censo 2010, 89 mil crianças de 5 a 9 anos trabalham no Brasil| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

Apesar dos avanços no combate ao trabalho infantil — caiu de 19,6% das crianças e jovens de 5 a 17 anos, em 1992, para 8,3%, em 2011 —, especialistas estimam que entre 1,56 milhão e 1,97 milhão de crianças e adolescentes trabalhem em atividades perigosas e insalubres no Brasil. O país tem até 2015 para erradicar as piores formas da atividade em 2015 e todo o trabalho infantil em 2020, mas provavelmente essa meta não será alcançada. Esse cenário é traçado por especialistas da Justiça, do Ministério Público e de organizações não governamentais, além da própria Organização Internacional do Trabalho (OIT), meses antes da III Conferência Global de Erradicação do Trabalho Infantil, que acontece no Brasil em outubro.

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No Brasil as crianças costumam trabalhar na produção de fumo, algodão, sisal, cana-de-açúcar, na aplicação de agrotóxicos, no corte de madeira, carvoarias e lixões ou são aliciadas para trabalho no tráfico de drogas ou exploradas sexualmente.

"Não vamos conseguir alcançar a meta. São atividades concentradas no setor informal, na agricultura familiar, no trabalho infantil doméstico. São necessárias novas estratégias. O Bolsa Família tem sido um instrumento eficaz, mas que, sozinho, não está dando conta", diz o ministro Lélio Bentes, do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e coordenador da Comissão para Erradicação do Trabalho Infantil da Justiça do Trabalho.

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Tânia Dornellas, presidente do Instituto Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, diz que são necessárias novas estratégias para o cumprimento da meta. "Alguns tipos de trabalho precisam ser mais bem compreendidos no meio rural, pois assim como na área urbana, nem toda atividade exercida por crianças é trabalho infantil."

Paula Montagner, secretária-adjunta de Avaliação e Gestão da Informação do Ministério de Desenvolvimento Social, afirma que o governo vem tomando medidas para cumprir a meta, como implantação de escolas em horário integral e o programa Brasil Carinhoso.

Segundo o Censo de 2010, trabalham 70 mil crianças na cultura de mandioca, mas o trabalho mais arriscado é nas casas de farinha, como as do interior de Pernambuco. Na cidade de Glória do Goitá é possível flagrar crianças que trabalham de forma exaustiva sem nenhum equipamento de proteção.