O cubano radicado no Brasil Diego Gonzales será a ponta de lança da OMS no combate à mortalidade no trânsito no Brasil. Coordenador da Unidade Técnica de Desenvolvimento Sustentável e Saúde Ambiental da Organização Pan-Americana da Saúde, entidade filiada à OMS, ele reconhece as dificuldades características dos países com média e baixa renda para lidar com a questão, mas é perseverante: "se você colocar metas modestas, o esforço é menor também".
Veja a seguir trechos da entrevista exclusiva concedida a Gazeta do Povo:
Por que a mortalidade dos acidentes é tão maior nos países em desenvolvimento?
Se nós observarmos essa estatística, podemos nos dar conta de que não é nesses países que se concentra a maior porcentagem de carros. Lamentavelmente os países de baixa e média renda não têm bons programas de vigilância dos acidentes de trânsito. É nisso que temos que trabalhar. Há algumas diferenças entre eles e os países mais desenvolvidos, que têm programas de vigilância e de controle, não só de acidentes de trânsito, mas de todas as doenças. Nesses países, se tem trabalhado muito a explosão veicular com bons programas de vigilância e fiscalização. Eu acho que por isso temos que trabalhar esses cinco fatores de risco: velocidade, álcool, falta de capacete, do cinto de segurança e de equipamentos de segurança para crianças. Provavelmente nesses países esses fatores de risco se manifestam menos do que nos países menos desenvolvidos. Mas temos também os outros pontos do modelo, que não dizem respeito ao comportamento. É uma somatória de tudo. A infraestrutura, por exemplo, é bastante decisiva. É preciso um trabalho de adequação rua a rua para torná-las seguras.
Reduzir a mortalidade pela metade em dez anos é uma meta bem ousada. É possível?
Eu acho que a visão tem que ser ambiciosa. Se você coloca metas modestas, o esforço é menor também. Vamos acompanhar, no decorrer do tempo, para ver como isso se comporta. Ainda não temos nenhum precedente nos países em que atuamos. Mas estamos trabalhando para poder apresentá-los.
Qual é o principal programa da OMS para atingir este objetivo?
São necessárias ações drásticas, ambiciosas, com poder de realmente diminuir as mortes até o ano de 2020. O R10 é um projeto importante, mas não diria que é o carro-chefe. O carro-chefe será o trabalho que será feito em cada país, envolvendo todas as instituições, tanto nacionais como regionais. O R10 é um projeto no qual vamos trabalhar com uma aliança de colaboradores internacionais e os governos para, inicialmente, combater três fatores dos cinco fatores de risco para acidentes. Ainda vamos definir como será no Brasil. Os outros países serão observadores, para ver quais são os frutos, quais são os êxitos do projeto e, se for o caso, adotá-los.
Decisão do STF para livrar Palocci desfaz conquistas da Lava Jato e abre caminho para impunidade
Cid relata pressão para delatar e acusa Moraes de ter narrativa pronta; acompanhe o Entrelinhas
As fragilidades da denúncia contra Bolsonaro
Lula suspende Plano Safra por falta de recursos e atraso no Orçamento
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora