Depois de anunciada a obrigatoriedade do cartão-transporte para as 67 linhas de micro-ônibus de Curitiba e Região Metropolitana, 29 delas viram o número de passageiros cair de junho a agosto. Isso representa 43% das linhas de micro-ônibus com uma redução média de passageiros de 5,7%, como revela levantamento realizado pela Urbs a pedido da Gazeta do Povo.
A empresa responsável pelo sistema de transporte coletivo de Curitiba não sabe precisar porque ocorreu a queda, mas motoristas e passageiros dos micro-ônibus são taxativos em afirmar que a utilização do cartão limitou o acesso ao transporte e parte dos usuários trocou os micro-ônibus por linhas que ainda aceitam pagamento em dinheiro.
Um motorista que pediu anonimato confidencia que em média cinco pessoas por dia ainda tentam andar nas linhas sem cartão. "Quando a pessoa só pode pegar essa linha, sempre algum outro passageiro passa o cartão voluntariamente. Se existem outras linhas que fazem um caminho parecido e aceitam dinheiro, a gente orienta."
A contabilista Luciane Vera, de 38 anos, não pôde contar com a solidariedade alheia e teve de fazer como outros três usuários ouvidos pela reportagem: abdicar de pegar os micro-ônibus. Ela normalmente não anda de transporte coletivo, preferindo sempre se deslocar de carro ou de moto. Devido ao fim do ano, porém, veio ao centro de ônibus com a família.
Na hora de voltar para casa, às 21 horas, na Praça Carlos Gomes, no Centro, não encontrou quem pudesse ajudá-la e pegou uma linha alternativa que ainda aceita dinheiro. "Há praticidade no uso do cartão, mas faltam postos de venda. Se o cartão é obrigatório durante todo o funcionamento da linha, deveria ser obrigatório também haver postos de venda operando no mesmo horário."
A Urbs informa que hoje existem 23 postos de venda e recarga do cartão-transporte que funcionam com horários próprios. A empresa lembra ainda que mais mil pontos serão anunciados, embora não saiba dizer quando.
O edital de chamamento para ocupar os pontos de venda seria aberto até o fim de dezembro, mas a Dataprom, subcontratada pelo Instituto Curitiba de Informática (ICI) e responsável pela bilhetagem eletrônica do transporte coletivo de Curitiba, pediu mais tempo para conduzir um estudo sobre como garantir a segurança do sistema com a expansão dos postos de venda.