Sem cartão para o micro-ônibus, passageiros teriam migrado para aqueles que aceitam dinheiro| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Sem comparação

Copa aumentou número de usuários

A comparação entre agosto e julho fica impossibilitada, conforme a Urbs, por causa da Copa do Mundo. Com a vinda de 214 mil turistas a Curitiba, segundo o Instituto Municipal de Turismo, quase todas as linhas registraram um fluxo maior de passageiros, o que não permite uma análise fiel do deslocamento real da população. A linha Vila Marqueto lidera a queda, com 14,9% menos passageiros. Em seguida, aparecem Quartel General (-12,9%), Vicente de Carvalho/Capão da Imbuia (-12,4%), Passaúna (-10,9) e Capão da Imbuia/Parque Barigui (-10,5%). A linha Jardim Esplanada foi a única que não sofreu alteração no movimento de pessoas, mantendo a média diária de 1.065 usuários. Apesar da queda em 29 das linhas, o número absoluto de passageiros que usam os micro-ônibus aumentou 3,7% no mesmo período, totalizando 2.104 usuários a mais para o sistema. Antes da obrigatoriedade do cartão-transporte, 60% das pessoas que usavam o transporte coletivo em junho e julho já pagavam a passagem com o cartão.

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Depois de anunciada a obrigatoriedade do cartão-transporte para as 67 linhas de micro-ônibus de Curitiba e Região Metropolitana, 29 delas viram o número de passageiros cair de junho a agosto. Isso representa 43% das linhas de micro-ônibus com uma redução média de passageiros de 5,7%, como revela levantamento realizado pela Urbs a pedido da Gazeta do Povo.

INFOGRÁFICO: Veja os números de passageiros nas linhas de micro-ônibus

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A empresa responsável pelo sistema de transporte coletivo de Curitiba não sabe precisar porque ocorreu a queda, mas motoristas e passageiros dos micro-ônibus são taxativos em afirmar que a utilização do cartão limitou o acesso ao transporte e parte dos usuários trocou os micro-ônibus por linhas que ainda aceitam pagamento em dinheiro.

Um motorista que pediu anonimato confidencia que em média cinco pessoas por dia ainda tentam andar nas linhas sem cartão. "Quando a pessoa só pode pegar essa linha, sempre algum outro passageiro passa o cartão voluntariamente. Se existem outras linhas que fazem um caminho parecido e aceitam dinheiro, a gente orienta."

A contabilista Luciane Vera, de 38 anos, não pôde contar com a solidariedade alheia e teve de fazer como outros três usuários ouvidos pela reportagem: abdicar de pegar os micro-ônibus. Ela normalmente não anda de transporte coletivo, preferindo sempre se deslocar de carro ou de moto. Devido ao fim do ano, porém, veio ao centro de ônibus com a família.

Na hora de voltar para casa, às 21 horas, na Praça Carlos Gomes, no Centro, não encontrou quem pudesse ajudá-la e pegou uma linha alternativa que ainda aceita dinheiro. "Há praticidade no uso do cartão, mas faltam postos de venda. Se o cartão é obrigatório durante todo o funcionamento da linha, deveria ser obrigatório também haver postos de venda operando no mesmo horário."

A Urbs informa que hoje existem 23 postos de venda e recarga do cartão-transporte que funcionam com horários próprios. A empresa lembra ainda que mais mil pontos serão anunciados, embora não saiba dizer quando.

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O edital de chamamento para ocupar os pontos de venda seria aberto até o fim de dezembro, mas a Dataprom, subcontratada pelo Instituto Curitiba de Informática (ICI) e responsável pela bilhetagem eletrônica do transporte coletivo de Curitiba, pediu mais tempo para conduzir um estudo sobre como garantir a segurança do sistema com a expansão dos postos de venda.